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Mostrando postagens de abril, 2009

JOAQUIM BARBOSA - UM NOME DE CARÁTER E CORAGEM NO STF

Após o rescaldo da acirrada discussão entre o ministro Joaquim e o presidente do STF - Gilmar Mendes -, ganhei impulso para escrever esse texto, que há muito tempo já deveria estar pronto. Não pretendo nele me posicionar quanto ao episódio ocorrido recentemente. Não sou adepto das ações e do comportamento pessoal de Gilmar Mendes - eu o criticaria abertamente se o visse na rua. Mas não é a minha aversão a Gilmar que me impõe uma aproximação a Joaquim. NÃO! Joaquim Benedito Barbosa Gomes, oriundo do interior de Minas, me conquistou pela firmeza de suas convicções, pelo seu caráter ilibado e pela sua belíssima história de vida. Aos sete dias de outubro do ano de 1954, na pequena cidade de Paracatu, no noroeste de Minas Gerais, nascia Joaquim. Ele era o primogênito, mas o seu pai - pedreiro - e a sua mãe - dona de casa - ainda viriam a ter mais sete filhos. A vida dele não começou fácil. Por causa de todas as dificuldades familiares, aos dezesseis anos, ele teve de viajar sozinho para Bra

O estranho em nossos espelhos

Antes de nascer esse texto, havia um dilema: o que escrever? Um conto ou uma crônica? A dúvida existe porque os meus últimos textos foram predominantemente híbridos. Vem da adolescência esta mania que tenho de entremear estórias com fatos da realidade. Então busco um norte agora, exatamente como fez Toby Temple em sua tão agraciada existência literária; ele que hoje está sufocado pelas páginas amarelas do livro que, empoeirado, agora repousa sobre a estante. Só em ter mencionado o seu nome, devo ter provocado em Toby um súbito desejo em ser relido. E os seus olhos devem ter brilhado novamente, enquanto a sua mente começa a tramar um retorno triunfal aos palcos de outrora. Explico melhor: imagino que os personagens literários, presos em páginas de velhos livros sobre velhas estantes, estão sempre à espera de um leitor curioso que possa lhes explorar o mundo e tirá-los da nostalgia do esquecimento. Toby Temple não pode ser esquecido. Levantar-me-ei agora da cadeira e irei à estante; vou

O ATO DE ESCREVER - 50º TEXTO DO INTITULÁVEL

A arte de transliterar o que se fala em vernáculo sempre me fascinou. Os livros foram uma paixão de adolescência. Conheci o mundo em que hoje vivo através deles. Eu era voraz! Queria conhecer a literatura completa de cada autor, a antologia inteira de cada prosador, as poesias completas de cada trovador. Aos poucos, me imiscuí no mundo das palavras. Era um caminho sem volta. Elas me seduziram, me atraíram e hoje me dominam. A minha rotina estressante sempre me permitiu alguns momentos de subterfúgio. Quase sempre através da escrita. Com os vocábulos espanto a dor, celebro o amor, cultivo a alegria e descrevo a vida. Essa paixão inata aflorou definitivamente com a idéia de um blog. Era uma forma de colocar o dom em prática, utilizando uma das benesses da tecnologia moderna. Foi tudo abrupto. Nada planejado. Os passos para a criação do blog eram simplórios. Mas faltava um nome! Pensei em vários. Mas todos eles restringiam. E eu queria expandir. Queria um espaço para falar de tudo, ou mel

Ronaldo e os trabalhadores brasileiros

Ouvi dizer que emoção e razão não se combinam muito. Talvez esta seja a premissa capaz de justificar alguns excessos e/ou algumas omissões que cometerei nesta página. Antecipo pedidos de desculpas, portanto. Mas o fato é que, com Ronaldo - e todo o time corintiano, vale salientar - a dar uma excelente demonstração de eficiência, no jogo desta tarde, contra o São Paulo, no estádio do Morumbi, me senti motivado e tentado a escrever. Principalmente por que a busca por discussões e polêmicas é, também, um combustível deste site - senão o maior. O futebol brasileiro é marcado por discrepâncias regionais. E, sobretudo na região nordeste, é comum encontrarmos indivíduos que assumem um caráter inteiramente regionalista e rechaçam, como num protesto de cunho separatista, os grandes espetáculos da bola que provém das regiões sul e sudeste, engrandecidos pelo forte apelo midiático que vem de lá pra cá. Este é um fato que nos leva a odiar – estou incluso nisto - todos os clubes que aparecem em dem

EFEITO BORBOLETA

EFEITO BORBOLETA “O bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo.” Dessa forma alegórica é que compreendemos um pouco da complexa Teoria do Caos. Edward Norton Lorenz, metereologista e matemático norte-americano, foi quem analisou o efeito borboleta, através de um sistema de previsão de tempestades tropicais. A Teoria do caos, para a física e a matemática, é a teoria que explica o funcionamento de sistemas e complexos dinâmicos. E os sistemas complexos são realmente muito complexos. Neste emaranhado científico aparece o efeito borboleta, a teoria dos universos paralelos e outras teorias que parecem absurdas para os simples seres humanos. Uma análise reflexiva do fenômeno em questão, nos preenche de idéias suficientes para uma retórica. Por essa razão este texto surgiu! Aliás, ele também surgiu como uma resposta ao público sempre presente no INTITULÁVEL. O filme “Efeito Borboleta”, conform

O silêncio de Duprat

Duprat, em silêncio, está sozinho. Diferentemente da última noite, agora ninguém o vê chorar. Naquela ocasião, tivera, antes de entrar em prantos, um diálogo nada mais que instintivo com um interlocutor: - Acabou? - ele, esperançoso, indagou. - Sim - num tom firme, ela respondeu. Entreolhar-se-iam depois, não fosse a bala que, sem o menor respeito ao tempo mínimo necessário para que o breve silêncio mútuo daqueles dois pudesse preparar o ambiente para as suas palavras mais felizes, atingira, de surpresa, o lado direito do peito dela. O corpo tombado ao chão era o de Nicole. Nicole, minutos antes de sofrer o assassinato, estivera na casa de Rick para torná-lo seu futuro ex-namorado. Terminar o namoro foi uma decisão que havia tomado após ter conhecido, gradualmente, o mundo de Duprat. No primeiro encontro dos dois, foi o braço de Duprat que, erguido, convidou Nicole a levantar-se do chão, após ter sido atirada e largada por Rick na saída de um shopping center. - Você está bem? Se machuc
O título em branco não é mero descuido, é, primeiramente, uma homenagem ao blog. O meu texto hoje é, literalmente, intitulável. A vastidão proporcionada pelo "vazio" do tema - ilustrada pela ausência de um título - é o principal atrativo disto que se adivinha ser uma esquisita experiência. Ou seja, não podemos prever sobre o que, parágrafos abaixo, dirá o texto. Acho Protógenes Queiroz inocente. Me refiro aqui à reversão promovida pela nossa justiça circense na operação Satiagraha. Penso que os crimes nada insólitos cometidos por Daniel Dantas não devem ser ofuscados pelos excessos cometidos por Protógenes. Na mesma toada desmembrada da nossa justiça, que carece de uma unidade e de parâmetros, está o caso de Eliana Tranchesi, a dona da Daslu. Eliana foi, em primeira instância, condenada a 94 anos de prisão, sob a acusação de ter sonegado impostos. Com câncer em tratamento, ela se tornou pivô da nova polêmica envolvendo o nosso poder judiciário: a polêmica do exagero nas penas

Comunismo atual: utopia, verdade ou hipocrisia?

Estudamos-nos, eu e esta página, antes de nascer esse texto. Eu a olhava com os olhos e a mente fatigados: a rotina de trabalho me exigira muito no dia anterior. Ela parecia me dizer, em meio ao seu corpo branco ainda incólume, que as palavras não surgiriam do nada e que eu precisaria criar um texto. Era um convite. Um desafio. Fazia-me lembrar que, há quase dois meses já não mais contribuía com o blog. Ela venceu. Sentei-me, então, a buscar inspiração e força para escrever. A página e os leitores talvez não me entendam, mas havia, por durante todo esse tempo em que estive ausente do blog, uma necessidade de ponderação. O ato de ponderar que, aliás, já fora tão bem discutido outrora nesta mesma página. Li e reli alguns textos de diversos autores. Busquei um pouco de conhecimento e decidi escrever. Assim como dizer-se humilde é uma grande hipocrisia – e talvez a maior -, empunhar uma bandeira partidária também o é. Há muita contradição entre o que fazemos e o que defendemos - ou dizemos