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Mostrando postagens de maio, 2014

Sábado

O poeta flana pela cidade. Flanava, minha senhora, flanava; hoje não mais: ele vive enclausulado, ingere comida industrializada, arrota horrendamente, confere continuamente o status do seu Facebook e se diverte com a tevê; quando, enfim, se descobre solitário, desenvolve amor por uma palavra insólita, protege-a no pensamento, busca pelo seu inteiro significado no dicionário online, faz dela o centro do mundo e só então se senta para escrever. Já não gosta de rimas, porém, e muito pouco entende das métricas tradicionais, quiçá do que teria sido o barroco ou qualquer outro movimento literário impregnado de algum sentido. É bem verdade que ainda carregue na caixola um compêndio, mas em seu imaginário sobrevivem somente anotações esparsas, coisas ditas em Seriados americanos imiscuídas a trechos de leituras longínquas, tenham sido esses trechos saídos de James Joyce, tenham sido trechos com o tempo obscurecidos pela hermética sintaxe de um escritor angolano ou até mesmo sejam trechos reti