Ouvi dizer que emoção e razão não se combinam muito. Talvez esta seja a premissa capaz de justificar alguns excessos e/ou algumas omissões que cometerei nesta página. Antecipo pedidos de desculpas, portanto. Mas o fato é que, com Ronaldo - e todo o time corintiano, vale salientar - a dar uma excelente demonstração de eficiência, no jogo desta tarde, contra o São Paulo, no estádio do Morumbi, me senti motivado e tentado a escrever. Principalmente por que a busca por discussões e polêmicas é, também, um combustível deste site - senão o maior.
O futebol brasileiro é marcado por discrepâncias regionais. E, sobretudo na região nordeste, é comum encontrarmos indivíduos que assumem um caráter inteiramente regionalista e rechaçam, como num protesto de cunho separatista, os grandes espetáculos da bola que provém das regiões sul e sudeste, engrandecidos pelo forte apelo midiático que vem de lá pra cá. Este é um fato que nos leva a odiar – estou incluso nisto - todos os clubes que aparecem em demasia na tevê. É como nos arrancar um filho quando os nossos clubes – os locais - jogam fora de casa e somos obrigados a assistir a um jogo do Corinthians ou do Flamengo, por exemplo – salvo as exceções dos que, mesmo à distância, se renderam por completo ao show e torcem, inteiramente, por Vasco, Palmeiras etc. Mas hoje sinto a necessidade de antecipar o que estará estampado, amanhã, nas folhas dos grandes jornais do país e nas grandes manchetes televisivas: o “efeito Ronaldo”.
Sempre fui fã de Ronaldo pelo seu futebol e hoje, repetindo o gesto pela sexta vez neste ano, vibrei com mais um gol deste que é o maior artilheiro das copas. O atacante hoje foi decisivo ao participar dos lances que renderam os dois gols ao Corinthians: deu um passe que colocou o seu companheiro Jorge Henrique na “cara do gol” e, como nos velhos tempos, fez o segundo gol do jogo após ter disparado numa corrida que disputara, a partir do meio de campo, com o zagueiro Rodrigo, do São Paulo.
Nenhum outro jogador em atividade jamais foi tão criticado quanto o fenômeno – o craque fora o protagonista de relacionamentos conturbados e de “noitadas” antes e após os jogos. Mas o “R9”, como passou a ser chamado, apenas deu azar por não ser contemporâneo – em relação à época retratada pela obra - e condescendente – no tangente ao mundo literário - de Perilio Ambrósio - personagem de “Viva o povo brasileiro”; livro escrito por João Ubaldo Ribeiro: o barão de Pirapuama, isento da luta contra os holofotes que hoje cercam Ronaldo, masturbava-se na janela, sem ser visto, por tudo aquilo que lhe pertencia, num gesto que não faria diante daqueles que o tinham como referência. Ronaldo, como Perílio, é passível de erros; ambos, sem uniformes e fardas, respectivamente, são homens. Trago Perílio para os nossos tempos e proponho uma comparação ainda maior: o que, de condenável, fazem Lula, Barack Obama, o papa Bento XVI etc. em suas janelas particulares? Quem não seria desmistificado entre ídolos e autoridades, de um modo geral? O silêncio é o nosso melhor palpite, concordo.
Desconstruir a imagem de um ídolo é um filão, para a imprensa, que rende muito sucesso e lucro - da mesma maneira que ela também promove o oposto, para se fazer justiça. Mas para a maioria dos trabalhadores brasileiros que acordarão amanhã com a sua dura realidade nas costas – diferentemente da realidade de Ronaldo, é bem verdade – são as lembranças do gol e do passe decisivo de Ronaldo – garoto propaganda do clichê “sou brasileiro e não desisto nunca” - que ajudarão na melhor compreensão e na implantação de algo de que muito precisam: superação. Ronaldo definitivamente não é mais apenas uma jogada de marketing e, muito menos, um mito. O jogador traz em sua carreira algo que não ensinam na escola e é um exemplo de que a eficiência e o sucesso são frutos do esforço e do querer verdadeiro. Obrigado, Ronaldo.
RF
O futebol brasileiro é marcado por discrepâncias regionais. E, sobretudo na região nordeste, é comum encontrarmos indivíduos que assumem um caráter inteiramente regionalista e rechaçam, como num protesto de cunho separatista, os grandes espetáculos da bola que provém das regiões sul e sudeste, engrandecidos pelo forte apelo midiático que vem de lá pra cá. Este é um fato que nos leva a odiar – estou incluso nisto - todos os clubes que aparecem em demasia na tevê. É como nos arrancar um filho quando os nossos clubes – os locais - jogam fora de casa e somos obrigados a assistir a um jogo do Corinthians ou do Flamengo, por exemplo – salvo as exceções dos que, mesmo à distância, se renderam por completo ao show e torcem, inteiramente, por Vasco, Palmeiras etc. Mas hoje sinto a necessidade de antecipar o que estará estampado, amanhã, nas folhas dos grandes jornais do país e nas grandes manchetes televisivas: o “efeito Ronaldo”.
Sempre fui fã de Ronaldo pelo seu futebol e hoje, repetindo o gesto pela sexta vez neste ano, vibrei com mais um gol deste que é o maior artilheiro das copas. O atacante hoje foi decisivo ao participar dos lances que renderam os dois gols ao Corinthians: deu um passe que colocou o seu companheiro Jorge Henrique na “cara do gol” e, como nos velhos tempos, fez o segundo gol do jogo após ter disparado numa corrida que disputara, a partir do meio de campo, com o zagueiro Rodrigo, do São Paulo.
Nenhum outro jogador em atividade jamais foi tão criticado quanto o fenômeno – o craque fora o protagonista de relacionamentos conturbados e de “noitadas” antes e após os jogos. Mas o “R9”, como passou a ser chamado, apenas deu azar por não ser contemporâneo – em relação à época retratada pela obra - e condescendente – no tangente ao mundo literário - de Perilio Ambrósio - personagem de “Viva o povo brasileiro”; livro escrito por João Ubaldo Ribeiro: o barão de Pirapuama, isento da luta contra os holofotes que hoje cercam Ronaldo, masturbava-se na janela, sem ser visto, por tudo aquilo que lhe pertencia, num gesto que não faria diante daqueles que o tinham como referência. Ronaldo, como Perílio, é passível de erros; ambos, sem uniformes e fardas, respectivamente, são homens. Trago Perílio para os nossos tempos e proponho uma comparação ainda maior: o que, de condenável, fazem Lula, Barack Obama, o papa Bento XVI etc. em suas janelas particulares? Quem não seria desmistificado entre ídolos e autoridades, de um modo geral? O silêncio é o nosso melhor palpite, concordo.
Desconstruir a imagem de um ídolo é um filão, para a imprensa, que rende muito sucesso e lucro - da mesma maneira que ela também promove o oposto, para se fazer justiça. Mas para a maioria dos trabalhadores brasileiros que acordarão amanhã com a sua dura realidade nas costas – diferentemente da realidade de Ronaldo, é bem verdade – são as lembranças do gol e do passe decisivo de Ronaldo – garoto propaganda do clichê “sou brasileiro e não desisto nunca” - que ajudarão na melhor compreensão e na implantação de algo de que muito precisam: superação. Ronaldo definitivamente não é mais apenas uma jogada de marketing e, muito menos, um mito. O jogador traz em sua carreira algo que não ensinam na escola e é um exemplo de que a eficiência e o sucesso são frutos do esforço e do querer verdadeiro. Obrigado, Ronaldo.
RF
Comentários
Valeu, velho!
Excelente texto!
Um forte abraço
Tiago França
Minha primeira superação, algo tão minúsculo que atépoderia não chamar assim, mas vamos ao fato. Eu tinha sérios problemas com unhas roídas e morria de inveja das mulheres com aquelas unhas longas e lustosas, um dia, um belo dia eu decidi- nunca mais roerei minhas unhas, por mais dificil que isso, na minha infância, parecesse. Não é que eu consegui, pra mim, que era criança foi fenomenal, dai começou meus tempos de superação,rs. Nada como uma simples unhas para nos mostrar que podemos ser o que quisermos. O importante é sempre dar o primeiro passo.
Meu desejo esse ano é passar no vestibular pra direito e creio que vou superar mais essa.
Com relação a Ronaldo não tenho opnião," o bolso dele sempre o supera".
Beijo meu primo.
Ronaldo é fenômeno!
Ronaldo é GOL!
Sem mais.
Mostrou q após as cirurgias, após contusões.. com vontade e MUITA disposição(arrancadas nos jogos contra o São Paulo) se pode fazer tudo.
Fico muito feliz q ele conseguiu voltar a jogar o velho futebol q já vimos, com os gols bonitos, das belas arrancadas, dos belos dribles.
Bom.. Fenômeno é Fenômeno!
Ótimo texto.
abraço
Ronaldo é, além de um incrível jogador um exemplo de superação e persistência. O craque teve que operar o joelho duas vezes deixando-o fora dos campos por um longo tempo...muitos achavam que era o seu final de carreira, mas ele deu a volta por cima e hoje está alegrando o coração de praticamente todos os brasileiros com o seu futebol radiante que impressiona cada dia mais os seus espectadores(EU ME CONSIDERO UM)!!
UM GRANDE ABRAÇO!!!
Um forte abraço a todos
obs.: espero o gordinho e o corinthians no barradão com meu leão na copa do brasil