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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Carta ao meu filho

             Era luto. Não luto, luuuto assim propriamente dito, pensando bem, pois talvez até fosse uma demorada contrição, mas acho que era mesmo era uma espécie de um silêncio puramente respeitador, filho, uma pausa, vá lá, uma necessidade maior de não dizer, de não exceder ou até mesmo de não existir, espero que me entenda.                 Se ainda não, então te juro que um dia compreenderá as razões mais fundas para que eu não o tivesse endereçado uma carta antes. Um dia direi a você, sem tergiversar, como perdi de vista o rebrilho daqueles olhos acastanhados, mas adianto que foi um horror, um horror, algo de uma total incompetência. E, a essa altura, você já deve mesmo saber, então não farei esforço, pois seria em vão tentar esconder: aquela que acreditávamos devesse ser a sua mãe já não está comigo e, portanto, ainda não está na sua hora de voltar.                 Siga alma, por enquanto, permaneça como não matéria, continue uma não substância, eu te peço, e, se não for