Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2011

Vida ou morte da menina à beira do córrego

Algo me dá a certeza da iminência da sua morte. E isso me inquieta. Dá-me uma angústia rareada: vejo-lhe somente por alguns segundos e temo ser surpreendido fulminantemente pelo seu fim. Tento com verbetes amenizar a sua dor, mas, a não ser na hora em que a enxergo de relance, exatamente no mesmo instante em que o ônibus me põe perpendicularmente em sua direção, não consigo mais materializá-la, e aí eu volto a fechar o arquivo de texto em que ela também habita.            É, me falta despejo. Até tento, mas as palavras se revelam fugazes. Fogem pela lateral. Desaparecem. Permaneço, então, sem me certificar sobre se dela são longos e castanhos os cabelos e sobre se ela ainda não passa dos onze. Porque ela está sempre de costas, não enxergo a cor dos seus olhos. Não conheço e não dou conta de atribuir o timbre da sua voz. Faço esforço, mas não memorizo a gravura que lhe estampa o vestido. Contudo, conforme já disse acima, há mesmo algo mais importante sobre ela com que devo me preocupar.