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Mostrando postagens de junho, 2010

Obrigado, duque de espadas

"Eliana, traga 'pespi' aí pra mim", é assim, trocando hilariamente as letras da Pepsi e com o seu jeito descontraído, que o meu pai grita por um copo de refrigerante, da varanda de casa, enquanto, na companhia habitual de três amigos, passa tardes e noites inteiras a jogar buraco. A minha mãe não demora a trazer o agrado que ele, após um primeiro gole, repousa com cuidado sobre o chão, à sua direita. E as partidas seguem sempre alegres, exceto por umas e por outras reclamações do meu velho, que mais parecem reprimendas daqueles professores mais antigos do colegial, quando um ou outro parceiro, para ele, comete um grave vacilo. "Essa aula é dia de terça", ele sempre conclui, misturando a seriedade com um tom de brincadeira, após dizer que "ás" não se cola, por exemplo, ou que não se deve colar duas cartas num jogo sem antes aguardar a manifestação (nem sempre exata) de que o parceiro não a possui, quando, é claro, a sua cópia ainda não deu as caras

A África impotente perante o futebol

Pela primeira vez na história, uma Copa do Mundo de futebol é realizada no continente africano. Um marco extremamente significativo, fazendo renascer a esperança desse povo sofrido e batalhador, que mesmo nas situações difíceis, exibe, orgulhosamente, o seu sorriso sincero. Acompanhados da inseparável “vuvuzela”, os africanos assistiram ao início da Copa com grande empolgação. Por ser a anfitriã da festa, a África do Sul teve grande apoio da sua torcida, que saia alegremente pelas ruas, demonstrando todo seu patriotismo. Devido a essa inédita escolha, de colocar um país africano para sediar uma Copa do Mundo e ao grande entusiasmo do povo africano, muitos jornalistas esportivos passaram a acreditar em grandes campanhas das seleções africanas nessa edição dessa competição. Apostaram que todas elas passariam para a segunda fase e até chegaram a transformar a seleção da África do Sul em favorita ao título. Muitos creram nisso, porém, a realidade tem sido completamente diferente desses pal

Fim das intermitências - José Saramago se foi!

Eu descobri Saramago quando tinha 14 anos. Estava no 2º ano do Ensino Médio e precisei fazer um trabalho de Literatura sobre ele. Então, após a pesquisa, conheci um pouco da biografia e do sucesso daquele escritor ainda em atividade. Como bom leitor, cacei-o na biblioteca da escola e encontrei "Ensaio Sobre a Cegueira". Fiquei deslumbrado! Me apaixonei pelo livro e criei afeição pelo autor. Li então "Levantado do Chão" e "Memorial do Convento", o que deu o Nobel a Saramago. O que li primeiro me agradou mais, entretanto, continuei minha busca por conhecer o universo literário de Saramago. Li "A Caverna", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", "O Homem Duplicado", "A Jangada de pedra" e "As Intermitências da Morte". Sempre achei os livros dele muito caros, mas sempre eram os melhores. Assim como o imortal Machado de Assis, Saramago nasceu numa região pobre, passou dificuldades, foi autodidata, foi funcionário pú

DESONRA

Continuando em clima de África do Sul, decidi escrever sobre um livro que acabei de ler. 'Desonra' é um romance escrito por J. M. Coetzee, um dos mais respeitados escritores sul-africanos da atualidade. Coetzee já foi premiado na França, Irlanda, Israel e Inglaterra. 'Desonra' deu a ele o prêmio inglês Booker Prize pela segunda vez, em 1999. Na prática, eu desconhecia todos estes fatos, mas, por acaso, encontrei Coetzee na biblioteca e, na minha ânsia voraz por conhecimento, decidi lê-lo. O que dizer do livro, agora que acabei a leitura? É ultrajante, ignominioso. Ou seja, faz jus ao título. Mas não vou me antecipar. O romance fictício começa na real Cidade do Cabo. David Lurie, um professor universitário de literatura, é o protagonista da história. Ele é solitário, conformado, erudito e irônico. Tem por ambição escrever uma ópera/peça teatral sobre Lord Byron, poeta que admira. Divorciado duas vezes, vive só e resolve suas tensões sexuais com prostitutas. Num enorme v

POESIA DE COPA

Vai começar o torneio de futebol mais importante do mundo. Relutei, mas resolvi falar da Copa do Mundo. Mas resolvi inovar. Sempre escrevi poesias, mas o verso nunca foi o meu forte. Segue abaixo uma tentativa de escrever poeticamente. Espero que gostem! A África do Sul é o centro da notícia A mídia mundial quase só fala em futebol É tempo de esquecer toda a sevícia Admirarmos dos jogadores o seu escol. Ásia, América, Oceania, África e Europa Todos juntos, com chuteira e emoção Num só objetivo: conquistar a Copa Fazer seu país vibrar num só coração. As torcidas se preparam com alegria Todas têm a conquista por confiança Mas no campo haverá muita agonia Luta, persistência e, sobretudo, esperança. A ansiedade está tomando conta de mim Eu quero ver rolar a 'jabulani' Torcer pelo meu país tupiniquim E tudo o mais que se dane. A seleção de Dunga vou ter de aturar Um time lotado de volantes Mas o hexacampeonato vamos conquistar A torcida brasileira permanece confiante.

Um filme belo e triste

Meus colegas me falaram desse filme. Todos salientaram que eu precisava assistir 'Sempre ao seu lado'. E nenhum deles esqueceu de me prevenir da enorme tristeza pungente na história. Eu, um sentimentalóide que se acha racionalista, fui ver a película me propondo o desafio de não chorar. Um professor universitário encontra um cachorro abandonado na estação de trem e o leva para sua casa e eles formam uma amizade muito forte. Todos os dias o cachorro Hachiko acompanha o seu dono até à estação de trem, que o leva até à universidade, e o cachorro volta para a estação na hora exata em que o professor volta para casa. Um dia, o professor, repentinamente, morre durante a aula. O cachorro continua indo à estação de trem todos os dias à procura de seu dono, por 9 anos. Durante a espera pelo dono, que nunca voltará, Hachiko toca o coração de todos que passam por perto por ficar sempre no mesmo lugar esperando seu dono com a sua paixão,fidelidade e amizade ao dono. O diretor deste belo fi