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Mostrando postagens de novembro, 2009

TRAGÉDIA NO ÔNIBUS

Eu, provavelmente, jamais esquecerei aquela cena. Existem situações que nos maculam de tal forma que se tornam inesquecíveis. Bons momentos também são assim. Mas as catástrofes nos impressionam muito mais. Nos desastres, percebemos a nossa inocuidade. Eu, particularmente, aprendo bastante nessas circunstâncias. Em nosso mundo caótico e tenebroso, acabamos por psicoadaptar com a violência e ficamos acostumados a ela. Nada mais é horrendo, pois, infelizmente, tudo é possível e na maioria dos casos já tem um precedente. Mas eu ainda permaneço. Sim, e como ser humano me compadeço. Posso ser sentimentalóide; talvez. Mas ainda lembro que eu sempre poderia estar no lugar do meu próximo, quando ele sofre um incomensurável infortúnio. Como sempre, a escola da vida continua nos ensinando. Estava no meu transporte cotidiano – o ônibus coletivo. O meu deslocamento era em direção a um bairro periférico, onde exercia minhas funções de trabalhador. O ônibus não estava cheio e, por sorte, eu pude viaj

LULA E O CASO BATTISTI

O caso da extradição do ex-guerrilheiro italiano Cesare Battisti parece, enfim, estar chegando ao fim. Mas o gran finale promete. O Supremo Tribunal Federal, depois de mais uma ano de análise do caso, não tomou uma decisão terminativa. Apesar de haver uma definição na última sessão, o pleito da suprema corte decidiu dar ao Presidente da República a palavra final. Lula, atualmente empenhado em fazer Dilma como sua sucessora, tem mais um abacaxi em sua mão. Por mais uma vez o presidente será provado e terá que demonstrar algo mais que carisma para sair incólume dessa complexa situação. Cesare Battisti é um escritor e ex-terrorista de extrema esquerda italiano. Ele integrou os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), grupo de guerrilha urbana que esteve ativo na Itália no fim dos anos 1970. Em 1987, Battisti foi condenado pela justiça italiana à prisão perpétua, com privação de luz solar, pela autoria direta ou indireta dos quatro homicídios atribuídos aos PAC - além de assaltos e outros

O CASO DO VESTIDO

O título é deveras sugestivo. Os detentores de um maior grau de cultura literária logo lembrarão de Carlos Drummond de Andrade – o poeta da pedra no meio do caminho, o poeta gauche e de sete faces, o poeta do conhecimento. Aos menos dedicados à literatura salutar, resta acreditar que este texto vai falar sobre as manchetes jornalísticas referentes ao caso da universitária da Uniban, em São Paulo. Só quem não leu Drummond, não vê os jornais e anda bastante desatualizado vai pensar que este emaranhado de palavras buscará formar um conto ou uma crônica. Quando me propus o título foi realmente tencionando refletir sobre o controvertido fato da jovem com um vestido rosa curto, entretanto, a minha memória literária me fez reviver as delícias das poesias de Drummond. Portanto, vou usar este espaço para falar sobre ambas as coisas. O poeta mineiro, nascido em Itabira, foi um fenômeno na poesia nacional – não há como duvidar disto. A composição poética denominada “O caso do vestido” foi publica