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Mostrando postagens de janeiro, 2011

REMINISCÊNCIAS DE UM MUNDO ANALÓGICO

Ver televisão tornou-se praxe noturna para a maioria das pessoas. Apesar de tentar, ainda não me libertei dessa rotina. Entretanto, ainda existem coisas na televisão brasileira que têm o seu devido valor, apesar de não serem as que mais atraem telespectadores. Pois bem, em plena segunda-feira à noite, eu estava vendo Custe o Que Custar, o famoso CQC. Sem dúvida, é um dos poucos programas que inspiram inteligência, conhecimento, variedade, cultura, política e, sobretudo, humor refinado. Não pretendo com essas malfadadas linhas fazer merchandising para o referido título midiático. O caso em questão é que em uma das matérias eu vi o repórter Felipe Andreoli lembrar a forma que fazia para “baixar” músicas quando criança. Naquele momento, além de sorrir, eu também refleti. E lembrei que vivi um pouco dessa fase, hoje considerada obsoleta. Era a geração dos discos de vinil, os conhecidos LP’s. Mas a mudança para o mundo digital já estava em curso e já haviam as fitas cassetes. Usávamos e

O segredo

- Olá. - Oi. - Posso me sentar aqui? - Sim. Fique à vontade. - E então, o que será dessa noite? Vai manter essa cara de derrotado? - Derrotado? Eu? Você nem me conhece e vem falar comigo desse jeito. E você? O que você é? - Eu? Smrf. Não sou uma derrotada, como você. Eu apenas reinvento vidas. Olho para as pessoas ao meu redor e voilà: crio histórias para justificar as suas existências. Crio coincidências. Imagino os percursos que precedem os nossos encontros. Quero sempre saber como viemos parar no mesmo lugar, por que viemos etc. Eu o observava e, então, passei a criar uma vida pra você. Mas não resisti. Vim lhe conhecer. Vim conferir se estavam certas as minhas previsões. - Sério? Que coincidência. Você reinventa vidas; eu as invento. - Inventa vidas? Como? - Eu crio personagens e os guardo em arquivos de textos. - Então você é um escritor. - Um pretenso. Pretenso escritor. Tornar-me escritor é um sonho. Digamos que eu apenas os guardo para, quem sabe, poder vendê-los, um dia, a um

Os segredos da vida - e de morte - do Sr. Letal, o assassino das madrugadas

Sem temer represálias, ele resolveu sair do armário. E, embora as feições e os traços que o identificam, ele diz, não possam jamais ser reconhecidos pelos homens, o Senhor Letal, o ser que, há milênios, garante, decepa vidas durante madrugadas inteiras, finalmente assume os seus crimes dos lusco-fuscos. Animado com a possibilidade de transcender figurativamente a sua virtual existência e de preparar os mortais para o que ele chama, com uma cultura invejável, de “inevitável confluência”, ele, cantando as palavras, que somente chegam à luz da compreensão quando o seu interlocutor retorna, com vida, dos cenários oníricos, manda um recado: “sou o medo dos homens, atuo na escuridão e jamais serei pego porque sou intangível”. Ele não sai da penumbra e afirma viver das palpitações dos neurônios ou dos anseios da alma de quem o invoca. Não conhece a vida, não a vida real, como todos os homens conhecem, mas reconhece todos os caminhos do que ele chama de “o mundo paralelo”. O Senhor Letal, qu