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Mostrando postagens de maio, 2012

Prateleiras da vida

Crônica de Armando Oliveira A cobrança é intensa, mas sua possibilidade de quitação fica cada vez mais tão remota quanto o da nossa dívida externa. Pedem-me um livro, se possível pinçado de quinze anos de escrivinhações diárias nesta imorata folha. Matéria, não falta, reconheço, a maioria mera sucata do cotidiano, assuntos que se perderam na voragem do tempo, coisas mais minhas que do tolerante leitorado. Por sinal, acho que escrevo mais pra mim do que pros outros, daí esta relutância em encadernar vivências, anseios e frustrações. Dia desses dei uma relida em vários recortes, generosamente colecionados por mãos amigas e muito queridas, encontrando dificuldades em admitir sua autoria. Tive fases de romantismo piegas, ira mal contida, descrença assumida, ironia cruel, como juntar tudo isso numa obra que se pretende coerente? A quem interessaria bisbilhotar meus bons e maus humores, essa vocação de mutante potencial, essa vontade de ficar, mas tendo que ir embora (e vice-v

Carta ao meu filho

Vendo assim tão de perto, não dá para medir quantos são os matizes que colorem os olhos da sua futura mãe, filho, mas posso lhe assegurar que, se eles forem ajuntados ao esverdeamento predominante dos meus, você chegará a esse mundo muito mais deslumbrante do que deslumbrado, íris tão hibridizadas como as que antevejo em seu olhar ainda por aqui não testemunhei, e sobre isso lhe dou igualmente a minha palavra. Deve estar a se perguntar que assanhamento indisfarçado é esse de minha parte, broto, e me parecerá esperto também se, levado pela presunção, você chegar à consequente conclusão de que há mesmo neste mundo uma cocota que justifique todo esse meu esforço em vida, sendo ela portadora de reciprocidade nos gestos e no amor, inteiramente qualificada a lhe carregar nos braços do instante do seu primeiro ingresso de ar no peito até o terceiro ou o quarto ano da infância, e, ainda por cima, apaixonada como todas as verdadeiras mães costumam ser pelos seus filhos. Não ignore

Flor de Jasmim

Texto enviado por Danilo França Mesmo um analfabeto – ou analflorbeto, como desejar – no quesito flora, pode perceber o quão grande é a diversidade de plantas neste Brasil varonil e as suas respectivas características, responsável pela identificação da planta, mediante tantas outras. Dentre inúmeras plantas, uma me chamou à atenção. Seu nome é Jasmim, mas para lhes ser sincero, o que de fato me chamou à atenção nesta planta, fora o que nasce no ápice de cada galho, foi a sua flor, que de tão bela não pode ser chamada simplesmente de flor, mas de Flor de Jasmim. É aí onde tudo começa. Antes, uma breve apresentação: a Flor de Jasmim é conhecida principal, mas não unicamente, pelo seu aroma, um aroma forte, imponente, desbravador, instigando o olfato de todos que estiverem por perto. Amada por muitos curiosos e admiradores daquela beleza afrodisíaca, e odiada por outros, uns arrogantes, que, tão compenetrados no cotidiano corriqueiro, não se deixam apreciar tão maravilhosa obra