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Nostalgia

Correria do dia, pensamento a mil por hora. (“Hold up”). Tanta coisa do trabalho e da faculdade para resolver. (“Hold on”). Hora de buscar minha filha (“Don’t be scared”). Eu nem percebi, mas a sonoridade que saía da trilha sonora do filme que passava na tela em minha frente me invadiu. Eu nunca fui um fã inveterado do Oasis. Mas aquela melodia de Stop Crying Your Heart Out, aquelas palavras ativaram todas as conexões neurológicas possíveis, mexeram com meu sistema límbico e ele buscou no meu córtex cerebral toda aquela memória. Eu senti naquele momento a mesma sensação nostálgica que eu senti quando terminei de ver Efeito Borboleta com meus primos em 2004. Já escrevemos sobre esse filme aqui no blog ( http://caundo.blogspot.com/2009/04/efeito-borboleta.html ), inclusive. Mas quero falar da sensação que tive ao reviver toda aquela nostalgia num átimo de segundo. Segundo o pesquisador e psicológo Tim Wildschut, a nostalgia é uma resposta imunológica psicológica, pois lembrar dos
Postagens recentes

O que aprendi com os americanos

É interessante como construímos sonhos em nossas vidas, lutamos por eles, buscamos realizá-los, mas, no fim das contas, não sabemos explicar com precisão de onde eles vêm ou como surgem. Essa é a minha história com Os Estados Unidos da América. Desde os doze anos de idade, se bem me recordo, tenho o sonho de conhecer esse país. Treze anos depois, lá estou eu no aeroporto de Atlanta, no estado da Geórgia, passando pela tensa entrevista com o policial de imigração e, posteriormente, sobrevivendo a doze horas de atraso do meu voo, no meu primeiro dia na tão famigerada América.    Wisconsin foi, então, o estado que me recebeu de braços abertos nos Estados Unidos. Um estado muito conhecido por... não ter nada! Apenas fazendas, florestas, vento frio e um estranho costume de jantar bebendo leite. Mas foi lá, nesse lugar inusitado, que eu jamais acreditaria que existisse nos states , que tive o meu primeiro choque de realidade com o povo americano. Quando aquela senhora, que seria a minha m

Tempo, tempo, tempo...

Sua passagem inexorável nos assombra, mas o que deveria nos sobressaltar é a nossa incapacidade de utilizar bem o nosso tempo. O blog completou 10 anos em agosto e sequer tivemos um texto comemorativo. Cada um dos colaboradores tem as suas desculpas e todas elas convergem para a falta de tempo. Entretenimento, trabalho, obrigações, lazer, rotina religiosa, viagens, feriados, futebol, redes sociais, games, filhos, casamento, saúde. O leque é enorme, mas ele não acomoda a nossa total falta de prioridade em fazer o que um dia mais nos impulsionou: o puro desejo de escrever. Não importava o assunto, não interessava o alcance e a audiência, apenas valia o cristalino propósito de se expressar por meio dos vocábulos entrelaçados, às vezes retorcidos, talvez distorcidos, muitos imaturos, mas todos verdadeiros, pois foram a mais plena demonstração do que transbordava a alma em cada momento. O fato de ninguém ter a obrigação de escrever (e publicar) talvez tenha sido decisivo para o arrefeciment

A CADA DIA BASTA A SUA REDE SOCIAL!

Não importa qual seja a mídia social que você escolha, você terá sérios problemas com boatos (hoax), correntes e confusão, muita confusão. O boom do mundo cibernético possibilitou que a grande maioria da população tivesse acesso às redes sociais. Quem hoje se imagina sem o badalado Whatsapp? Além dele, temos os muito utilizados: Facebook, Messenger, Instagram, Twitter, Snapchat, Telegram, entre outros. Opções não faltam, mas eu te garanto, não adianta fugir: em todos eles teremos os mesmos problemas! Você já recebeu uma corrente sem noção em alguma rede social hoje? Eu já! Você já viu uma postagem mentirosa (fake news) numa rede social hoje? Eu já, várias por sinal! Você já compartilhou alguma dessas coisas? Eu já, infelizmente! E essa é uma das razões dessa reflexão. Eu sempre gostei do jornalismo, seja ele político, esportivo ou de entretenimento. E sempre critiquei (ainda que sem conhecimento algum) a parcialidade de muitos veículos da imprensa. Hoje, todo mundo se informa pelas re

SOBRE LUTO E MORTE

“[...] Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade [...]  Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. ”                                                                    Sábio Salomão Todo mundo já ouviu que a coisa mais certa na vida é a morte. Desse modo, saber que em algum momento ela vai ocorrer para todos é algo tão previsível que deveríamos estar preparados para esse momento. Na prática, não é o que acontece, principalmente no nosso mundo ocidental. Eu cresci evitando velórios e funerais, como a maioria das pessoas que conheço. E não tive tantas oportunidades assim (ainda bem), visto que minha família tem se demonstrado longeva: tenho avós e avôs paternos e maternos vivos. Minha mãe sempre me dizia que ninguém vai a velório por que gosta (devem haver exceções, obviamente), mas em consideração a quem se foi ou ao menos a quem ficou enlutado por ess

O LIMITE DA DESESPERANÇA

Eu não queria escrever esse texto. Eu queria muito voltar a escrever, mas não escrever sobre esse tema. É pura ilusão acreditar que um escritor escolhe o que vai escrever. Quando pensei nesse texto, eu ainda não lembrava que tinha escrito algo mais ou menos semelhante aqui mesmo no blog, há bastante tempo, mais precisamente em 03/01/2009, uma Crônica da Virada 2008/2009. Depois que esse texto se grudou em mim e me exigiu que o escrevesse, eu lembrei a supracitada crônica e a reli. Quase 8 anos depois, eu reconheço que mudei. Não escreveria aquele texto da mesma maneira. Mas o cerne não mudou, nadinha mesmo. O tal do réveillon, palavra inventada pelos franceses, significa e sugere despertar, acordar, reanimar! Quem desperta, via de regra, é o novo ano, basicamente nos obrigando a grafar as datas diariamente com mudança nos seus últimos algarismos. Com mandiga ou sem mandiga, com reza ou sem reza, com oração de poder ou sem oração de poder, teremos em 2018: violência urbana desenf

TELA AZUL

Meu recente deslumbramento com a qualidade dos livros de Fernanda Torres permitiu que eu olhasse o livro da Maitê (É duro ser cabra na Etiópia) com olhar caridoso, adquirindo-o para o longínquo voo. A leitura diferente e intrigante, com textos de vários autores desconhecidos, rememorou em mim que o meu prazer de ler sempre foi equivalente ao de escrever. Apesar da voracidade para acabar o livro, a rinite estava atacada. Além disso, os últimos dias haviam sido bem cansativos. Decidi, então, tentar cochilar. Fone no ouvido, voo de cruzeiro. O barulho das crianças no assento de trás não era mais tão perceptível. O avião estava acima da enorme nebulosidade e eu observei a luminosidade variando na asa para avaliar possíveis turbulências. Tudo planejado, era hora de tentar dormir, coisa rara para mim em voos. Entre as variadas cochiladas, a mente tentava conciliar o descanso exigido e a consciência plena da situação. Num dos lampejos, após tornar a fechar os olhos, vi tudo azul.