Sua passagem inexorável nos assombra, mas o que deveria nos sobressaltar é a nossa incapacidade de utilizar bem o nosso tempo. O blog completou 10 anos em agosto e sequer tivemos um texto comemorativo. Cada um dos colaboradores tem as suas desculpas e todas elas convergem para a falta de tempo. Entretenimento, trabalho, obrigações, lazer, rotina religiosa, viagens, feriados, futebol, redes sociais, games, filhos, casamento, saúde. O leque é enorme, mas ele não acomoda a nossa total falta de prioridade em fazer o que um dia mais nos impulsionou: o puro desejo de escrever. Não importava o assunto, não interessava o alcance e a audiência, apenas valia o cristalino propósito de se expressar por meio dos vocábulos entrelaçados, às vezes retorcidos, talvez distorcidos, muitos imaturos, mas todos verdadeiros, pois foram a mais plena demonstração do que transbordava a alma em cada momento. O fato de ninguém ter a obrigação de escrever (e publicar) talvez tenha sido decisivo para o arrefecimento dos colaboradores. Mas alguém precisa ser compelido a fazer algo que gosta? Essa é a reflexão mordaz que nos resta! Após um decênio, muita coisa mudou, mas por que perdemos tanto o nosso ímpeto de escritor? A famigerada falta de tempo não pode ser a única razão. Talvez o amadurecimento nos envergonhou, limitou a exposição, promoveu um preciosismo descabido, que nos manteve redigindo, mas sem coragem de postar. Talvez a falta de foco definido, que era tão salutar no início de tudo, seja a grande vilã do esvaziamento. Talvez seja uma aglutinação de todas as possibilidades. Talvez, talvez, talvez. Nesse momento, arde uma inquietação: ainda podemos prosseguir? Uma década denota uma história, um legado indelével. As lamúrias não resolvem, recomeçar é sempre a palavra de ordem, enquanto o implacável tempo não findar a nossa existência aqui. Às vezes, esquecemos, mas é sempre bom relembrar: ainda é tempo de morangos.
TF
TF
Comentários
Por agora, só resta dizer: parabéns pelos 10 anos!
RF
Quéren França