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O PODER DO PERDÃO

“...sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros...”

Bíblia Sagrada

"Compreender tudo, é tudo perdoar."

Leon Tolstói


Não é comum ao ser humano perdoar. Não é uma tarefa fácil. Compreender o modo de agir do próximo pode ser impossível. Entretanto, todos reconhecem, quer cristãos ou judeus, islamitas ou budistas, católicos ou evangélicos, ateus ou agnósticos, a importância do ato de perdoar. A palavra “perdoar” traz embutida em sua essência semântica a idéia de absolvição. É através do perdão que os seres humanos conseguem aceitar as falhas e conviver bem com as diferenças.

No cotidiano, passamos por diversos momentos onde o perdão se faz ou deveria se fazer presente. Desde pequenos, aprendemos a pedir desculpas. E esse ato de educação nos acompanha ao longo da vida. Entretanto, esta boa ação torna-se simplesmente uma praxe, sem o devido entendimento do assunto. O perdão proporciona a abertura dos relacionamentos. Não há casamento estável, ou namoro saudável sem o perdão. Não se trata de remir as culpas, mas de entender e aceitar a fraqueza do outro.

O psicólogo e pesquisador Augusto Cury enfoca a necessidade do perdão no nosso dia-a-dia em diversos dos seus livros. Sem o poder de perdoar, deitamo-nos à noite com raiva do motorista que nos fechou, da recepcionista que nos atendeu mal, do chefe que nos humilhou, do nosso companheiro que nos tratou com indiferença, e, na maioria das vezes, com raiva de nós mesmos, por certas ações que fizemos ou deixamos de fazer. Surge então a “mea culpa”. Normalmente, aqueles que possuem baixa auto-estima sofrem com a falta do perdão próprio. Para estes, o perdão precisa ser reflexivo, ou seja, ativo e passivo. Há uma dificuldade maior em se sentir perdoado do que em perdoar. Para os amantes da boa literatura contemporânea, existe um exemplo claro nos romances de Khaled Hosseini. Seus personagens não conseguem se perdoar por suas más ações e vivem com a consciência pesada continuamente. Hosseini parece remontar as grandes histórias de Fiodor Dostoievisky, o grande escritor russo, autor de “Crime e Castigo”. São histórias de homens atormentados com barbaridades que fizeram e não conseguem receber o perdão de graça, buscando incessantemente um modo pragmático de se sentirem libertos. A tendência natural é que pessoas assim vivam deprimidas e tenham muitos problemas de relacionamento durante toda a vida.

Os solícitos em remitir as faltas alheias e a se compreenderem como seres falíveis têm grandes chances de viver mais tranqüilamente, gozando de uma paz social e psicológica inegável. Atingir este patamar não é uma meta simplória; esta só pode ser alcançada com perseverança, auto-conhecimento, compreensão e benignidade para com o próximo e força de vontade. Ao entendermos o poder do perdão, estaremos prontos para começar a exercitá-lo. Os frutos decorrentes deste exercício serão vistosos e surpreendentes. Comece agora: perdoe seus pais, seus colegas de trabalho, amigos de infância, seu companheiro, sua companheira, seus clientes, seus inimigos; perdoe a todos, mas principalmente se perdoe e aceite o perdão. Não se esqueça: você é humano, demasiadamente humano. Mas depois destas ações você será um ser humano que compreende o poder do perdão.

Comentários

Rafael França disse…
Obrigado pelo texto, amigo. A necessidade do perdão e a necessidade de ser perdoado habitam os nossos dias e, quando o poder do perdão não nos envolve, nos tornamos presas fáceis para sentimentos como raiva e ódio, que se instalam sem determinar um prazo de validade. Parabéns pela iniciativa. É um texto que nos remete à reflexão e propaga uma energia bacana, do bem. Um abraço,

RF
Anônimo disse…
É parceiro, textos moralistas não são muito atraentes, mas são necessários. É preciso perscrutar o recôndito. Mexer nos sentimentos e nas emoções. Textos como esse fazem isso. Pena que nem todos estão abertos para isso. Mas sei que algum objetivo minhas linhas mal escritas alcançaram e espero que algum coração ansioso possa ter encontrado a paz no perdão.

Um forte abraço

Tiago França
Gabriel França disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel França disse…
Excelente texto, velho!
Perdoar é viver. Por mais difícil que seja praticar o perdão, ele é extremamente necessário em nossa vida.
Pra não perder a oportunidade de dar uma alfinetada, e mostrar que eu pratico o perdão, eu digo ao autor do texto que eu o perdôo, por ser um primo tão distante.


Grande abraço!

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