O título em branco não é mero descuido, é, primeiramente, uma homenagem ao blog. O meu texto hoje é, literalmente, intitulável. A vastidão proporcionada pelo "vazio" do tema - ilustrada pela ausência de um título - é o principal atrativo disto que se adivinha ser uma esquisita experiência. Ou seja, não podemos prever sobre o que, parágrafos abaixo, dirá o texto.
Acho Protógenes Queiroz inocente. Me refiro aqui à reversão promovida pela nossa justiça circense na operação Satiagraha. Penso que os crimes nada insólitos cometidos por Daniel Dantas não devem ser ofuscados pelos excessos cometidos por Protógenes. Na mesma toada desmembrada da nossa justiça, que carece de uma unidade e de parâmetros, está o caso de Eliana Tranchesi, a dona da Daslu. Eliana foi, em primeira instância, condenada a 94 anos de prisão, sob a acusação de ter sonegado impostos. Com câncer em tratamento, ela se tornou pivô da nova polêmica envolvendo o nosso poder judiciário: a polêmica do exagero nas penas aplicadas. Aos que se preocupam com a liberdade dela, uma boa notícia: ela está solta. Aos que torcem pelo seu retorno à cadeia, uma lamentação: a justiça novamente tardará.
A ausência de um título pode também soar como vários minutos seguidos de um silêncio uníssono, sobretudo em solidariedade às vítimas do terremoto mais recente em Abruzzo, na Itália. Ou pode, simplesmente, nos servir de diário, exatamente como farei a seguir: sinto dores nas costas. Ao mesmo tempo que necessito de uma mesa, um bar e um amigo: faz alguns meses que não tenho uma boa conversa. Além da ansiedade em começar o curso de jornalismo que vem à tona a cada manhã que antecede a manhã do dia dez de agosto. Achem inusitado, mas não me condenem pela bagunça estrutural e semântica disto aqui: eu avisei sobre a inconstância de um texto sem delimitações.
Outro fato marcante, e que exerce sobre mim um certo fascínio, é o nascimento de um texto. Este nasceu apenas por que encontrei uma brecha para publicá-lo. Estou no trabalho. Divido agora com as palavras a mesma atenção prestada às olhadas investigativas e ligeiramente curiosas que, à minha direita, a minha supervisora dá em minha direção. E agora? Ponho as mãos na cabeça e, num gesto de lamentação e arrependimento, me condeno por burlar a opressão imposta pelo sistema capitalista? Quantos centavos os meus patrões perderão por este momento de improbidade administrativa? Perderão muito menos dinheiro do que os fanfarrões da política nos fazem perder como contribuintes, certamente. É pelo INTITULÁVEL que escrevo. Tenho uma boa causa, portanto. E assim como o homem deixou fincada na lua a sua bandeira, deixarei no histórico de páginas acessadas o endereço do nosso blog. Um pouco de anarquia para os nossos corações faz bem, de vez em quando, de quando em vez e quase sempre; sempre, aliás. Ponto final.
RF
Acho Protógenes Queiroz inocente. Me refiro aqui à reversão promovida pela nossa justiça circense na operação Satiagraha. Penso que os crimes nada insólitos cometidos por Daniel Dantas não devem ser ofuscados pelos excessos cometidos por Protógenes. Na mesma toada desmembrada da nossa justiça, que carece de uma unidade e de parâmetros, está o caso de Eliana Tranchesi, a dona da Daslu. Eliana foi, em primeira instância, condenada a 94 anos de prisão, sob a acusação de ter sonegado impostos. Com câncer em tratamento, ela se tornou pivô da nova polêmica envolvendo o nosso poder judiciário: a polêmica do exagero nas penas aplicadas. Aos que se preocupam com a liberdade dela, uma boa notícia: ela está solta. Aos que torcem pelo seu retorno à cadeia, uma lamentação: a justiça novamente tardará.
A ausência de um título pode também soar como vários minutos seguidos de um silêncio uníssono, sobretudo em solidariedade às vítimas do terremoto mais recente em Abruzzo, na Itália. Ou pode, simplesmente, nos servir de diário, exatamente como farei a seguir: sinto dores nas costas. Ao mesmo tempo que necessito de uma mesa, um bar e um amigo: faz alguns meses que não tenho uma boa conversa. Além da ansiedade em começar o curso de jornalismo que vem à tona a cada manhã que antecede a manhã do dia dez de agosto. Achem inusitado, mas não me condenem pela bagunça estrutural e semântica disto aqui: eu avisei sobre a inconstância de um texto sem delimitações.
Outro fato marcante, e que exerce sobre mim um certo fascínio, é o nascimento de um texto. Este nasceu apenas por que encontrei uma brecha para publicá-lo. Estou no trabalho. Divido agora com as palavras a mesma atenção prestada às olhadas investigativas e ligeiramente curiosas que, à minha direita, a minha supervisora dá em minha direção. E agora? Ponho as mãos na cabeça e, num gesto de lamentação e arrependimento, me condeno por burlar a opressão imposta pelo sistema capitalista? Quantos centavos os meus patrões perderão por este momento de improbidade administrativa? Perderão muito menos dinheiro do que os fanfarrões da política nos fazem perder como contribuintes, certamente. É pelo INTITULÁVEL que escrevo. Tenho uma boa causa, portanto. E assim como o homem deixou fincada na lua a sua bandeira, deixarei no histórico de páginas acessadas o endereço do nosso blog. Um pouco de anarquia para os nossos corações faz bem, de vez em quando, de quando em vez e quase sempre; sempre, aliás. Ponto final.
RF
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Tiago França