"Eliana, traga 'pespi' aí pra mim", é assim, trocando hilariamente as letras da Pepsi e com o seu jeito descontraído, que o meu pai grita por um copo de refrigerante, da varanda de casa, enquanto, na companhia habitual de três amigos, passa tardes e noites inteiras a jogar buraco. A minha mãe não demora a trazer o agrado que ele, após um primeiro gole, repousa com cuidado sobre o chão, à sua direita. E as partidas seguem sempre alegres, exceto por umas e por outras reclamações do meu velho, que mais parecem reprimendas daqueles professores mais antigos do colegial, quando um ou outro parceiro, para ele, comete um grave vacilo. "Essa aula é dia de terça", ele sempre conclui, misturando a seriedade com um tom de brincadeira, após dizer que "ás" não se cola, por exemplo, ou que não se deve colar duas cartas num jogo sem antes aguardar a manifestação (nem sempre exata) de que o parceiro não a possui, quando, é claro, a sua cópia ainda não deu as caras ...
Prazer em ler...