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Só um parágrafo sem pretensão

Honestamente, não tenho pretensão nenhuma mesmo. Tanto é que nem tentarei parecer loquaz. Apenas me deu uma vontade de dar um recado: só quero dizer que amo a nossa existência. Quero só celebrar a nossa existência. Não quero divagar muito, mas quero me referir à existência atemporal. Fazer referência ao ato de ter existido, talvez. À possibilidade pouco exaltada que temos de respirar e de testemunhar a luz. E de testemunhar as cores, as famílias, os amigos, as comidas, o ar, a água, tudo. Eu não quero gastar muitas palavras pra fazer isso, não. Possa ser que eu tenha sentido uma paz divina, possa ser, vá lá. Mas possa ser também que tenha sido só um despertar da consciência, dessas coisas de alma e de energias, e aí talvez fosse necessário invocar os pensadores gregos todos que tentaram entender a nossa essência. Mas não. Só um paragrafinho mesmo. Escrevi porque estava aqui folheando um álbum de fotografias, vendo eu e meus irmãos congelados em imagens coloridas. Nós uns meninos ainda, sem vergonha nenhuma olhando para a câmera. Eu estava aqui agradecendo secretamente por ter sido menino um dia. Eu celebrei essa dádiva e só queria confessar isso a vocês. Hoje é seis de abril e um dia aparentemente sem significação. Possa ser que isso seja só um rabisco num diário, vá lá. Mas tá aí, tá registrado. É bom existir, ou é bom acreditar que existo.

Comentários

Cá disse…
Como diria Clarice Lispector:

"À duração da minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios."


Aguardo ansiosamente por mais textos.

Um beijo

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