Depois de ter elegido, por dois pleitos subseqüentes, um metalúrgico semi-analfabeto, a maioria dos eleitores brasileiros pôs agora uma mulher no cargo majoritário do governo. Um sinal claro de que, por aqui, a democracia caminha a passos largos rumo à sua consolidação. Dilma Roussef, munida de grande maioria no congresso, terá mais quatro anos para dar continuidade aos programas de governo dos quais, como ministra, também fez parte e que, consta da sua biografia, teria sido a principal responsável pela maioria daqueles que tiveram desempenhos satisfatórios, como o inacabado PAC.
Dilma administrará um País em acelerado ritmo de crescimento. Os últimos índices econômicos do Brasil já apontam semelhanças com os índices que outrora deram propulsão às economias consolidadas dos países desenvolvidos. O mercado interno com maior poder de compra e de venda, a alta das exportações e a maior oferta de créditos têm feito parte de um processo de retroalimentação do sistema econômico brasileiro. O governo até então comandado pelo seu futuro predecessor destacou-se pelas aberturas de novos mercados externos, que foram garantidas por uma diplomacia respeitosa para com as diferenças e representada carismaticamente pela própria figura do presidente.
O PT, um partido historicamente marcado pelas lutas em prol das causas sociais, afirmam os mais críticos, teria traído as suas origens, ao governar marcadamente através de práticas neoliberais. A maioria dos empresários, que antes de 2003 temiam eventuais perdas provocadas por um governo de esquerda e que, agora, surfam em altos picos de lucratividade, é hoje entusiasta do modo de governar petista. A equipe de Lula promoveu uma enxurrada de desonerações e concedeu crédito em demasia às médias e grandes empresas. E Dilma, que no começo de sua campanha era motivo de incerteza para o setor privado, já se comprometeu a conduzir a economia da mesma maneira.
O crescimento de que se gaba a equipe econômica do atual governo, entretanto, é diferente do desenvolvimento de que o País necessita. Desenvolvimento, a palavra utilizada como medidor econômico de um país, engloba outras esferas sócio-econômicas que não são necessariamente medidas por altas sazonais no PIB e pressupõe equilíbrio. O País necessitará, portanto, de políticas públicas muito mais consistentes: ainda há enormes precariedades infra-estruturais e sócio-econômicas por todo o território nacional. O governo Lula tirou muitas famílias da miséria e, embora ainda existam milhões de outras famílias vivendo em péssimas condições, esse pode, sim, ser considerado um primeiro passo. Mas quase metade do País ainda sofre com a falta de sistemas de esgotos; de médicos e de medicamentos nos hospitais públicos; com o esgotamento do sistema de transportes; com a falta de professores e de melhores condições nas escolas etc.
Inicialmente, parece ser exata a concepção propagada pelos cientistas políticos de que a vitória de Dilma, uma iniciante em eleições, se deve somente à popularidade recorde de Lula. Mesmo sob perceptível desconfiança e pouca aclamação, Dilma foi alçada ao comando do Palácio do Planalto. Mas aquela geniosa e competente mulher que a propaganda petista tentou apresentar somente terá a sua imagem testada à partir do primeiro dia de 2011. Será quando todos conhecerão Dilma Roussef, a futura presidente do Brasil.
RF
Comentários
"Que o povão sofrido possa ter seus problemas atenuados!!!"
MASARACHAMADOGO