Quanta água é essa? Por todos os lados. Em alguns pontos parece azul, em outros verde, em outros eu nem sei dizer. Onde está o horizonte? Como vim parar aqui? Estou em alto-mar? Preciso me acalmar. Para tudo sempre há uma explicação. Mas essa maresia está me matando. O sal parece está incrustado em mim. Não posso desvanecer, senão certamente me afogarei e serei mais um número. Serei um número? Acho que ninguém me encontrará. Neste momento o meu valor é equivalente ao desse peixe que acabou de passar. No meio daquele cardume ele é simplesmente mais um. E eu, nessa imensidão, sou o quê, afinal? Preciso de orientação. Sim, só agora me lembrei que sei determinar os pontos cardeais pelo sol. Mas a minha contestação, tão efusivamente celebrada por mim mesmo, não tem valor nenhum, pois o dia está nublado. Pior, parece que vem chuva. E muita! O desespero está batendo de novo. Será que chegou a minha vez? Mas eu queria saber onde estou, por que estou e quem me colocou aqui. Seria pedir demais algumas explicações? O vento está gélido. O coração está apertado. Não há mais o que fazer. Pensei em gritar. Mas que pensamento besta. Numa situação terrível dessas e o meu cérebro funcionando tão mediocremente. Começou a tempestade. É irreversível! Não vou lutar, vou aceitar meu destino com resignação. As ondas estão me envolvendo. Que agonia! Estou bebendo grandes goles dessa água salobra. Será que eu não podia só simplesmente morrer? O meu corpo resistia às porradas, ao vaivém, às condições abjetas. Mas naquele instante, meu único desejo era desaparecer por completo. Num lampejo da mente, vislumbrei um gran finale. O temporal cessava, meu corpo boiava ainda com vida e um enorme barco me salvava. Só pensar não bastava. Voltei à realidade. Acho que não vou morrer; vou enlouquecer. Senti tudo ficar escuro. Era chegada a hora. Era iminente, era certa. Mas eu acordei com a forte luz do sol passando pelo basculante do meu quarto. Nada daquilo era real. Mas tudo aconteceu porque eu quis. Sim, eu quis. Antes de dormir, pensei na vida e na morte. Pensei na solidão. Me sufoquei com as dúvidas existencialistas. Imaginei a imensidão do mar para relaxar e refletir. Então dormi.
Vivemos em um mundo altamente egoísta. São raras as ações de humanitarismo e solidariedade. Por isso mesmo, elas merecem grande destaque. São poucos os relatos de pessoas que abandonam o seu cotidiano e a sua comodidade para contribuírem para o bem-estar do próximo. A “personalidade da semana” do INTITULÁVEL é uma dessas exceções da sociedade hodierna. Edméia Willians nasceu em Santarém, interior do Pará. Entretanto, sua família migrou para Salvador, na Bahia, onde ela passou a maior parte de sua vida. Aqui ela cresceu, realizou seus estudos, se casou, constitui família e obteve os bacharelados em Pedagogia, Filosofia, Psicologia e Música. A sua vida era normal, como de muitos. Passou a morar no Rio de Janeiro, devido ao emprego de seu marido. Chegou até a morar no Iraque, ainda na época de Sadan, também por motivos profissionais relativos ao seu esposo. Tudo transcorria normalmente até que duas tragédias mudaram a história de sua vida. Em um período muito curto, Edméia perdeu o seu es...
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MASARACHAMADOGO