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Onde estão os bons modos?

 
Ao longo de uma semana, resolvi observar o comportamento das pessoas na cidade onde moro. Algumas simples expressões, que demonstram o mínimo de educação exigida para se viver bem em sociedade, como “olá”, “boa tarde”, “com licença”, “desculpa”, ou “obrigado”, tem sido cada vez mais raras de serem presenciadas. A causa dessa postura pouco convencional tem sua grande raiz na educação doméstica ineficiente.
Bons modos não se restringem apenas a saudações ao chegar ou sair, mas, principalmente, engloba o ato de respeitar as pessoas, ser cordial e praticar simples ações que criem um clima não necessariamente de amizade, mas de fraternidade, que é essencial para o convívio com pessoas que não conhecemos. E o que se pode verificar hoje em dia, infelizmente, são pessoas sem o menor nível de educação e respeito, que agridem seus familiares, maltratam idosos, desprezam pessoas com deficiência e desrespeitam os mais velhos.
Nesta mesma semana, em que me propus a fazer essa análise de comportamento, presenciei algumas atitudes que considero inaceitáveis. Um idoso, com sua feição cansada, ficara em pé em determinado ônibus coletivo, enquanto adolescentes e adultos sentavam em seu lugar preferencial, fingindo cochilar na cadeira, agindo como verdadeiros atores. Com a vergonha estampada em seu rosto, o Senhor não ousaria pedir para sentar, já que havia presenciado tamanha falta de gentileza. Passados trinta minutos, o velhinho da boa idade, ainda segurando seus objetos em uma das mãos, mal conseguia se segurar no ônibus quando, finalmente, o mesmo parara e os artistas desceram. Aquilo não foi nada menos que absurdo.
Outros casos como invadir transporte público, furar fila, discriminar as pessoas por cor, raça, sexo ou religião, só caracterizam uma sociedade cada vez menos preocupada com o direito do próximo. E eu me pergunto por que isso acontece. Por que algumas pessoas agem dessa forma? Ouvi ensinamentos desde bem pequeno, dentro de casa, e sempre levei comigo tais lições para onde quer que eu fosse. Comprovei, então, que educação tem de existir dentro de casa, e não na rua.
São atitudes simples, gestos aparentemente insignificantes, que podem mudar toda uma forma de se viver satisfatoriamente, com respeito, gentileza e cordialidade entre pessoas. Onde estão os bons modos? Eles não são exclusividade de pessoas bem formadas, ou bem estudadas. Eles estão, com certeza, dentro de cada um de nós, pois é o mínimo que precisamos para viver bem em coletividade, seja aqui nesta cidade, ou em qualquer outro lugar deste país.


GF

Comentários

Gildson Souza disse…
Essa falta de respeito e tolerância com o outr é uma coisa que já vem se acentuando cada vez mais. É cada vez mais raro assistirmos atitudes de pessoas que se importam com o outro. E reforço o que já foi dito: esse tipo de educação se aprende em casa e cada um de nós tem uma responsabilidade nessa "educação".
Abraços

www.badu-laques.blogspot.com
Quéren disse…
Esse texto me fez lembrar da raiva que sinto quando vejo pessoas jogando lixo através das janelas dos automóveis. Em certa ocasião cheguei a dizer umas ao pai de um garoto,ele pediu desculpa pelo papel de bala que caiu em mim quando o filho tentava jogar o mesmo pela janela,respondi que aquele papel nunca agarraria em ninguém se ele tivesse ensinado ao filho a não jogar lixo na rua. Acho até que me excedi, mas o impulso foi válido.
Realmente a educação vem do lar e é ai que está o problema, já não existem mais lares e assim a educação que deveria começar em casa não começa.


Tiago esta indo embora e agente não sabe se em Bom Jesus tem net(rs) mas espero que você continue a nos comtemplar com esses textos.
BJ
Quéren disse…
Gabriel, não nos abandone por favor!(rs)
O seu texto está ótimo.
Bj
Anônimo disse…
Os bons modos estão se perdendo no tempo e no espaço há muito tempo. A liberalidade excessiva do mundo moderno, para afrontar os valores tradicionais, está acabando com os bons modos. Acho que ainda seja possível encontrá-los em lugares mais atrasados culturamente, ou em civilizações muito evoluídas, certamente distantes da nossa.

UM EXCELENTE TEXTO!
JOCIMAR FRANÇA disse…
Seja bem vindo de volta meu querido sobrinho. Curioso é que consigo identificar quem posta quando ainda estou lendo, sem ver a assinatura. Cada um de vocês tem sua característica. A sua Gabriel, é falar da vida, do dia-a-dia com a simplicidade de quem a vive e a observa.
Parabéns pela visão do todo, num mundo em que as pessoas vivem preocupadas apenas com o próprio umbigo.

Abraços,

TIO BAY.

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