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Sobre confiar

Por que os seres humanos não são confiáveis? “Porque o ser humano é falho”, seria uma resposta plausível. Na bíblia, no livro do profeta Jeremias, há um versículo que diz: “Maldito o homem que confia no homem”. Não podemos confiar em ninguém; seria mesmo essa a conclusão mais lógica? O homem pode enganar, trair, dissimular, falsificar, engodar e mudar a qualquer momento. Ou seja, não há santos por aqui! Nem o mais coerente e mais correto está livre de cometer bobagens. Essa é a essência humana. Por quem você colocaria a mão no fogo? Essa é uma pergunta retórica, acredito eu. Tentei imaginar uma lista de pessoas, mas só lembrei alguns nomes e mesmo assim, acho que ainda tenho ressalvas. A confiança, de modo geral, é estabelecida pelos laços afetivos. Normalmente, confiamos mais em nossos pais, cônjuges, amigos, parentes e em líderes espirituais. Ao longo da jornada, descobrimos que nossos pais não são perfeitos. Consequentemente, entendemos que aquela pessoa tão amável e querida (esposo, amigo, irmão) também pode nos decepcionar a qualquer momento. Vivemos assim num dilema. A amizade pressupõe confiança, pelo menos a maioria acredita assim. O filósofo François La Rochefoucauld dizia que a confiança é o elo entre a sociedade e a amizade. Mas como dar crédito ao ser humano? São tantos os caloteiros, os facínoras, os fofoqueiros, os traidores, os pervertidos, os sanguinários. Difícil não agir com cautela no meio de tão grande turba. Muitas vezes, confiamos na pessoa, mas nos resguardamos justamente por causa do ambiente que nos circunda. Entendemos que o perigo não está no amigo/irmão/companheiro, mas na sociedade, que está recheada de pessoas capazes de derrubar aquele em quem se confia. O provérbio popular diz que confiança não se dá, nem se toma emprestada, mas conquista-se. Durante anos, através de uma relação afetiva e de mutualidade, pode-se conquistar a confiança de alguém. É um trabalho árduo, que, infelizmente, pode ser perdido num simples vacilo. Minha mãe falava: mentiu para mim uma vez, agora sempre vou supor que você está mentindo. Recuperar a fidúcia é muito mais difícil. O traído não consegue mais acreditar, o enganado vive sempre temeroso e essas pessoas tendem a ter dificuldades para voltar ao convívio social. O psicólogo Augusto Cury, escritor de vários livros, defende que precisamos proteger o terreno das nossas emoções. Mas não em excesso, pois ficaremos estagnados. Nem podemos simplesmente agir inocuamente, confiando em todos ao nosso redor, pois as feridas que podem ocorrem serão difíceis de tratar. Costumo dizer que tudo na vida é uma questão de equilíbrio. Pena que o homem goste ou do 8 ou do 80. O 44 seria ideal. O meio-termo nos daria liberdade para tecer laços de amor e de amizade e nos daria segurança para suportar os percalços da caminhada. Acho que me estendi demais, mas consegui o meu objetivo inicial ao escrever este texto: dissipar a insegurança!

Comentários

Jaqueline disse…
"Errar é humano, permanecer no erro é burrice." As pessoas vivem nos dizendo isso õO! E talvez esteja aí o medo de confiar.Uma vez que somos decepcionados, magoados, "passados para trás" fica o medo de 'errar' de novo, confiar naquele que te feriu, de ser taxado de ingênuo, cego... De burro ( na expessão popular). Por isso o medo de confiar.

Mas eu acredito que as pessoas mudam e que dá uma chance a elas é preciso. Mateus 18:21-22 "Senhor, quantas vezes devo perdoar? 7 vezes? Não digo até 7 vezes, sim até 77 vezes"

E daí vemos porque repensamos. O exemplo perfeito deixou-nos 'um modelo para seguirmos de perto".

Parabéns pelo textO!

Sempree ÓTIMOO. Sempre MUITO bom.
e sempre me deixa sem palavras...


BeeijO*
Gildson Souza disse…
Concordo com a questão do equilíbrio. Até pq é impossível não ter necessidade de confiar em alguem vez ou outra, mas aí entra o tal vínculo: não se pode confiar em qualquer um, deve-se zelar pelo nosso terreno das emoções. O jeito então é saber onde há mais chances de não se decepcionar.
Abraços

www.badu-laques.blogspot.com
Gabriel França disse…
É mesmo uma árdua tarefa confiar nas pessoas. Os seres humanos são passíveis de erros, pequenos deslizes e, por isso, são falhos. Torna-se difícil conviver com as pessoas, sabendo que a qualquer momento a tão preservada confiança pode ser perdida. Nos cabe, então, saber com quem estar, com quem andar e em quem confiar.
Abraço.
Quéren disse…
Estou na fase de não colocar minha mão no fogo por ninguém, às vezes nem por mim.O importante é reconhecer que o ser humano está propenso a cometer erros e que precisamos saber escolher as nossas amizades pra que não venhamos "chorar o leite derramado."
Conselho: Não se atire de cabeça, ponha o dedo midinho primeiro.
Analu disse…
Eu voto que a confiança é quase como um goleiro, coitado! Trabalha sua carreira inteira, fazendo majestosas defesas, defendendo chutes à gols que nem se acreditava possíveis não serem gols; pra que enfim sejam considerados bons goleiros.. No fim algum dia o pobre do goleiro deixa passar uma bola por entre as pernas e tudo o que vão lembrar da carreira dele é isso!

Não existe muito o que dizer sobre confiança.. Nem todo mundo vai confiar em você mas é certeza que sempre vai haver quem desconfie por melhor pessoa que você seja ;x

como sempre, muito bem escrito o texto.. Beijao, te cuida!
Este comentário foi removido pelo autor.
se vc confia pode ter certeza vc está sujeito a perfídia...e se tu não confia...estás sozinho no cosmos..

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