Se alguma capa de DVD lhe oferecer, com exatidão nas palavras, “uma história sobre a perda da inocência e a descoberta da realidade”, não hesite. Aceite logo o convite, leitor (a): você embarcará “numa experiência cinematográfica inesquecível” - esta última frase entre aspas, fincada no verso da capa, é de Pete Hammond, do site “Hollywood.com”, para quem “O menino do pijama listrado” é também “um filme poderoso, tocante, sem palavras”.
É impossível não se emocionar com a história de Bruno, personagem levado ao cinema pela adaptação do romance best-seller de John Boyne. O livro homônimo de Boyne, que vendeu milhões de cópias em todo o mundo, foi lançado em outubro de 2007. O filme chegou aos cinemas um ano depois e pode ser compreendido como uma despretensiosa e contundente crítica ao Holocausto. A película tenciona ir além: embora seja ambientada num dos momentos mais trágicos da história da humanidade, ela consegue sutilmente fazer sobreporem-se à história central os pequenos conflitos familiares e os dissabores de quem vê a sua primeira infância ficando para trás.
Bruno é uma inocente criança alemã de meados do século XX que, como poucas crianças do nosso século XXI, sabe (comoventemente) valorizar as suas amizades. O menino tem oito anos e é um aficionado por brincadeiras e histórias de aventuras, mas a pior das histórias, a sua história, é contada em época e cenário de guerra. O “Mestre Bruno”, como é chamado por uma das empregadas de sua família, vê-se perdido quando recebe a notícia de sua mudança, provocada pela nomeação do seu pai, um “Herr Kommandant” da impiedosa Alemanha nazista, para comandar um campo de concentração.
Bruno não esconde a sua tristeza. Ele só queria saber de brincar, aos oito anos de idade. O menino brinca ainda por uma última vez com os seus pequenos amigos e despede-se deles, em seguida, rumando para a nova cidade. A família se acomoda no novo lar. Bruno sente pesar a sua solidão. A sua irmã lhe é quatro anos mais velha e tem os seus interesses próprios. Ela não lhe serve como companhia. Bruno avista crianças, da janela do seu quarto. Ao longe, o menino as acha esquisitas. Elas, as crianças, viveriam numa “fazenda”, como ele mesmo define. Resolve fugir, um dia, ao encontro da “fazenda”. E é lá que conhece, separado por uma cerca, o pequeno Shmuel, um judeu de mesma idade.
Uma das histórias de racismo e de intolerância mais dramáticas da existência humana pode lhe causar ainda maior antipatia, se você, leitor (a) for convencido (a) a dividir o olhar e a esperança com o pequeno Bruno. O filme carrega doses de esperança, ensina sobre o valor de uma amizade e é todo ele carregado por mentiras. Por mentiras que, de tão grandes, têm capacidades próprias e querem, no íntimo, gritar o contrário. Exatamente como a que habita o título deste ensaio.
RF
Comentários
Abraços
Não tem como não se emocionar com a história de Bruno. Na verdade, dá até uma certa depressão ver. Domingo estava em uma livraria e dei-me de cara com este livro. Só de ver já me emociono. Lembrar de como segue a história...
Recomendo a TODOS este filme! Não tem como não se apaixonar!
BeeijO para todos vcs!!! Saudades!
Um abraço.
Abraços a todos
Uma linda amizade em meio ao ódio doentio. Não deixem de assistir. BJ