No começo do Intitulável, tive a ideia de escrever um livro conjuntamente. O primeiro capítulo saiu fácil. Eu publiquei-o aqui. Rafael, que ficou responsável pela tarefa de prosseguir com a história, abdicou do nosso projeto. Quis continuar, mas desanimei. Faltou inspiração. O meu plano caiu no esquecimento e mais um protótipo de livro se perdeu no espaço virtual. Relendo textos do blog, encontrei o "CAPÍTULO I". E, subitamente, o capítulo II me veio à mente. Ia colocar o link do primeiro capítulo, mas resolvi transcrevê-lo abaixo. Aos amantes da literatura infanto-juvenil: BOA LEITURA!
Capítulo I
Um novo dia. Uma nova vida. O mundo ganhava nova conotação para Júlia, quando de dentro dela brotou o inebriante vermelho fugaz. Fugindo a regra do mundo contemporâneo, ela não era precoce. A puberdade a tornou mulher aos 15 anos. Bem verdade, que nessa altura da vida, muitas garotas-mulheres já são mães. Ana Júlia era especial. A sua precocidade não estava na liberação dos óvulos, mas na exalação da maturidade. Antes mesmo de ser mulher feita por fora, ela já o era por dentro. Sempre foi uma garota batalhadora. Vivera os seus três primeiros anos de adolescência na mais tenra colaboração com seus pais. A menarca não iria alterar esse quadro. O caráter de Júlia estava em fase final de burilação.
A mãe de Júlia foi, evidentemente, a primeira pessoa para quem ela contou o seu momento de transformação física. O seu corpo estava efervescente, tal como seu gênio, tal como a sua alma. Ela era amiga íntima de sua mãe. Sempre foi assim, primeiro “mainha”, depois as colegas ou amigas. Uma relação de extrema confiança. Sua mãe, liturgicamente, agradeceu a Deus pela dádiva de tornar a sua filha em uma mulher, como se isso fosse a coisa mais fantástica do mundo. Mas não é? Quem pode tornar seu próprio filho em homem ou mulher?
Com seu pai, a relação era mais complicada. Não que fosse ruim, pois ele era o paizão querido. Mas sempre havia um pouco de receio de Ana nas conversas com seu pai e ela ponderava todas as suas palavras. Obviamente, ele ficou sabendo do ocorrido, mas pela boca da mãe de Júlia. Em seu íntimo, ele sentia que perdia sua filhinha querida. Mas achava o quê? Que iria prendê-la em seus braços para sempre? Ana Júlia iria ser livre. Mas aquela menininha, tão pequenininha, que nasceu prematuramente e que por um milagre vingou, não estava preparada para o mundo. Assim pensava ele. Assim pensam quase todos os pais que amam verdadeiramente as suas filhas.
Ana Júlia estava mais formosa. E a sua beleza estava saliente, justamente porque ela sabia que estava linda. Era modesta, mas não podia negar a sua aparência física. Um rostinho lindo de encantar qualquer adolescente. Olhinhos apertados suavemente que encantavam devido ao brilho límpido da íris acastanhada. Nariz levemente arrebitado. Lábios pouco carnudos, mas muito meigos. Ela era realmente deslumbrante. E naquele dia ela estava se sentindo muito mais. Ser mulher é ser linda! As feias não são mulheres? Não existem feias, apenas mulheres cegas pela inveja, ambição e vaidade doentia, que não conseguem enxergar a própria beleza. Ana se via muito bem! E obviamente não era só ela que se via bem. Outros já estavam há algum tempo com muito afinco a observando. Mas ainda não é tempo de contar esta história. O pai de Ana pode não gostar e punir-me. Melhor deixar a mente viajar noutros campos, assim como navegam agora os pensamentos de Júlia.
Capítulo II
Anoiteceu. Paulo estava em seu quarto admirando os primeiros fios que surgiram no seu rosto imberbe. Teve a sensação de masculinidade. Há um tempo a voz já engrossara e o corpo já estava em transformação, mas ainda não tinha no rosto a marca do seu amadurecimento. Ele queria ter uma barba respeitável como a de seu pai, não apenas para cofiar ociosamente, mas para demonstrar aos outros que ele não era mais uma criança inocente, nem um adolescente rebelde, mas um adulto responsável. Não tinha ele ideia do quanto ainda reclamaria daquela penugem. Parou de se olhar no espelho, quando ouviu sua mãe chamá-lo para a refeição noturna. Seu pai ainda não havia chegado. Jantou melancólico e pensativo. Foi interpelado algumas vezes por sua mãe, pois a comida estava esfriando no prato. Que esfriasse. A comida interior o saciava naquele momento.
A mãe de Paulo César sonhava em ver o seu filho brilhando na vida profissional. Não queria que ele fosse acomodado como o marido. Via no rapaz a chance de realizar-se. Que mal tinha nisso? Queria ser a mãe de um grande profissional, respeitado e famoso. Não teve oportunidades de ser alguém na vida. A escolha de seu marido não foi absolutamente voluntária. Restava a esperança de ver Paulo César vencer na vida. Ele era um garoto esperto, mas muito apegado ao pai. Dona Maria temia essa aproximação excessiva. Seu marido era um fanfarrão. Ganhou a casa, em que viviam, do sogro. Com ajuda do pai de Dona Maria, ele também obteve um emprego público. E parou por aí. Acostumou-se ao salário de sempre, não quis mais estudar, ficou preso ao marasmo do serviço público. Para compensar o tédio do dia na repartição, esbaldava-se na bebedeira noite adentro. Por isso, quase nunca jantava com a família.
Paulo César não pensava nessas coisas naquele momento. Terminou de comer e voltou para o quarto. Como adolescente indeciso, pensava no futuro. O que seria dele? Seguiria a profissão do pai? Ele achava que não. A cabeça girou e, repentinamente, pensou simultaneamente no futebol com os colegas no dia seguinte, na semana de provas que se aproximava e em Ana. A confusão mental se desfez e o que sobrou foi apenas a lembrança do sorriso daquela garota que mexeu com ele. Era possível, mas ele precisava tentar. Sabia que não seria fácil. Temia ficar fragilizado, ser rejeitado, não ser correspondido. E quem não tem medo dessas coisas? Mas, normalmente, os jovens se arriscam nas aventuras do amor sem prever todos os percalços. Ele não era um jovem experiente no amor. Mas já conhecia bem a vida. Por ser um exímio observador e um ávido leitor, ele descobriu o mundo cedo. Paulo sabia muito mais que os garotos de sua idade, mas tinha convicção que ainda precisava ter experiências que fizessem dele um homem de verdade.
Capítulo I
Um novo dia. Uma nova vida. O mundo ganhava nova conotação para Júlia, quando de dentro dela brotou o inebriante vermelho fugaz. Fugindo a regra do mundo contemporâneo, ela não era precoce. A puberdade a tornou mulher aos 15 anos. Bem verdade, que nessa altura da vida, muitas garotas-mulheres já são mães. Ana Júlia era especial. A sua precocidade não estava na liberação dos óvulos, mas na exalação da maturidade. Antes mesmo de ser mulher feita por fora, ela já o era por dentro. Sempre foi uma garota batalhadora. Vivera os seus três primeiros anos de adolescência na mais tenra colaboração com seus pais. A menarca não iria alterar esse quadro. O caráter de Júlia estava em fase final de burilação.
A mãe de Júlia foi, evidentemente, a primeira pessoa para quem ela contou o seu momento de transformação física. O seu corpo estava efervescente, tal como seu gênio, tal como a sua alma. Ela era amiga íntima de sua mãe. Sempre foi assim, primeiro “mainha”, depois as colegas ou amigas. Uma relação de extrema confiança. Sua mãe, liturgicamente, agradeceu a Deus pela dádiva de tornar a sua filha em uma mulher, como se isso fosse a coisa mais fantástica do mundo. Mas não é? Quem pode tornar seu próprio filho em homem ou mulher?
Com seu pai, a relação era mais complicada. Não que fosse ruim, pois ele era o paizão querido. Mas sempre havia um pouco de receio de Ana nas conversas com seu pai e ela ponderava todas as suas palavras. Obviamente, ele ficou sabendo do ocorrido, mas pela boca da mãe de Júlia. Em seu íntimo, ele sentia que perdia sua filhinha querida. Mas achava o quê? Que iria prendê-la em seus braços para sempre? Ana Júlia iria ser livre. Mas aquela menininha, tão pequenininha, que nasceu prematuramente e que por um milagre vingou, não estava preparada para o mundo. Assim pensava ele. Assim pensam quase todos os pais que amam verdadeiramente as suas filhas.
Ana Júlia estava mais formosa. E a sua beleza estava saliente, justamente porque ela sabia que estava linda. Era modesta, mas não podia negar a sua aparência física. Um rostinho lindo de encantar qualquer adolescente. Olhinhos apertados suavemente que encantavam devido ao brilho límpido da íris acastanhada. Nariz levemente arrebitado. Lábios pouco carnudos, mas muito meigos. Ela era realmente deslumbrante. E naquele dia ela estava se sentindo muito mais. Ser mulher é ser linda! As feias não são mulheres? Não existem feias, apenas mulheres cegas pela inveja, ambição e vaidade doentia, que não conseguem enxergar a própria beleza. Ana se via muito bem! E obviamente não era só ela que se via bem. Outros já estavam há algum tempo com muito afinco a observando. Mas ainda não é tempo de contar esta história. O pai de Ana pode não gostar e punir-me. Melhor deixar a mente viajar noutros campos, assim como navegam agora os pensamentos de Júlia.
Capítulo II
Anoiteceu. Paulo estava em seu quarto admirando os primeiros fios que surgiram no seu rosto imberbe. Teve a sensação de masculinidade. Há um tempo a voz já engrossara e o corpo já estava em transformação, mas ainda não tinha no rosto a marca do seu amadurecimento. Ele queria ter uma barba respeitável como a de seu pai, não apenas para cofiar ociosamente, mas para demonstrar aos outros que ele não era mais uma criança inocente, nem um adolescente rebelde, mas um adulto responsável. Não tinha ele ideia do quanto ainda reclamaria daquela penugem. Parou de se olhar no espelho, quando ouviu sua mãe chamá-lo para a refeição noturna. Seu pai ainda não havia chegado. Jantou melancólico e pensativo. Foi interpelado algumas vezes por sua mãe, pois a comida estava esfriando no prato. Que esfriasse. A comida interior o saciava naquele momento.
A mãe de Paulo César sonhava em ver o seu filho brilhando na vida profissional. Não queria que ele fosse acomodado como o marido. Via no rapaz a chance de realizar-se. Que mal tinha nisso? Queria ser a mãe de um grande profissional, respeitado e famoso. Não teve oportunidades de ser alguém na vida. A escolha de seu marido não foi absolutamente voluntária. Restava a esperança de ver Paulo César vencer na vida. Ele era um garoto esperto, mas muito apegado ao pai. Dona Maria temia essa aproximação excessiva. Seu marido era um fanfarrão. Ganhou a casa, em que viviam, do sogro. Com ajuda do pai de Dona Maria, ele também obteve um emprego público. E parou por aí. Acostumou-se ao salário de sempre, não quis mais estudar, ficou preso ao marasmo do serviço público. Para compensar o tédio do dia na repartição, esbaldava-se na bebedeira noite adentro. Por isso, quase nunca jantava com a família.
Paulo César não pensava nessas coisas naquele momento. Terminou de comer e voltou para o quarto. Como adolescente indeciso, pensava no futuro. O que seria dele? Seguiria a profissão do pai? Ele achava que não. A cabeça girou e, repentinamente, pensou simultaneamente no futebol com os colegas no dia seguinte, na semana de provas que se aproximava e em Ana. A confusão mental se desfez e o que sobrou foi apenas a lembrança do sorriso daquela garota que mexeu com ele. Era possível, mas ele precisava tentar. Sabia que não seria fácil. Temia ficar fragilizado, ser rejeitado, não ser correspondido. E quem não tem medo dessas coisas? Mas, normalmente, os jovens se arriscam nas aventuras do amor sem prever todos os percalços. Ele não era um jovem experiente no amor. Mas já conhecia bem a vida. Por ser um exímio observador e um ávido leitor, ele descobriu o mundo cedo. Paulo sabia muito mais que os garotos de sua idade, mas tinha convicção que ainda precisava ter experiências que fizessem dele um homem de verdade.
Comentários
Quanto ao texto quero ler os demais capitulos. Reli o 1º pra saborerar a leitura, me lembrava perfeitamente. Lembrei ate do nome da garota. Acho que foi pq foi Tiago que escreveu.rs
V~e se não para dessa vez.
Abraço.
RF
Abraços
Ameei e já tem minha total atenção essa história. Se um dia publicarem o livro, resolverem patentear e todas essas coisas... Estarei na fila de autógrafos!
Parabéns !!!!
BeeijO*