Era junho de 1995. O ano do Plano Real. Chovia. Dona Lurdes começou a sentir fortes dores. Estava chegando a hora. Amigos conseguiram um carro para prestar socorro. Tudo deu certo e, na maternidade da periferia de Salvador, uma pequenina nascia. Rafaela veio ao mundo para dar alegria e renovo ao casamento de Seu João e Dona Lurdes. Com muita dificuldade, o casal criou Rafaela com mimos e com muita alegria. Era uma menina radiante e como filha única gozou de inúmeros privilégios. Crescia numa família pobre, mas abençoada e feliz.
Como todas as meninas de sua idade, Rafaela já estava querendo namorar. O primeiro beijo ela já tinha dado. Mas tinha sido numa brincadeira entre vizinhos. Não foi nada comprometedor e ela não gostava dele. Mas o papo corrente era sempre namoro. E Rafaela também queria um garoto para ser seu companheiro. Na verdade, não queria um garoto, mas um homem. Ela ainda não tinha completado treze anos, mas já se sentia uma mulher. Fisicamente, ela já era. Tinha um bonito corpo formado, rostinho de menina e belos cabelos cacheados. Os meninos viviam dando em cima dela, mas ela não era de dar muita ousadia. Sempre ouviu os conselhos de sua mãe e, por isso, não queria ser qualquer uma na boca dos meninos. Através de suas amigas, ela conheceu Sérgio. Ele já tinha 16 anos. E como toda menina no início da adolescência, Rafaela também preferia se relacionar com homens mais velhos. Normalmente, as meninas se sentem maduras e querem homens experientes, que tenham condições, que trabalhem e sejam de boa pegada. Existem exceções, mas a maioria pensa assim. Poucas adolescentes se envolvem num romance infantil com garotos da mesma idade ou mais novos. Rafaela queria ser como as colegas e, assim, começou a namorar Sérgio um mês antes de completar treze anos. No início, era escondido dos pais, pois Rafaela sabia o quanto Seu João ficaria chateado. O namoro começou agradável. Estava sendo uma descoberta. Sérgio era amável. Trabalhava numa padaria ajudando sua tia. Sempre que podia, trazia diversos presentes para Rafaela. Aos poucos, todo mundo ficou sabendo. Seu João não aprovou, ficou triste, mas se resignou. Ele, como a maioria dos pais, não sabia o que fazer. Proibir resolveria? Provavelmente não. Era necessário fiscalizar o namoro da filha? Talvez sim, talvez não. Ele tinha medo de constranger a filha, era um pai muito compreensivo. Quantas meninas não queriam ter um pai assim. Rafaela era uma garota de sorte.
A ingenuidade é quase sempre um problema. Rafaela demorou a perceber que seu amável namorado era possessivo. A relação afetuosa e gostosa que tinham encobria os defeitos de Sérgio. O namoro estava se consolidando, mas Rafaela começou a abrir a cabeça. Chegou a ser alertada pelas amigas. Sérgio era ciumento em excesso e queria sempre ter ela por perto. Aos poucos, o amor, que Rafaela estava adquirindo por ele, começou a desaparecer. Mais uma vez foi pressionada pelas amigas, mas dessa vez para terminar o namoro. Após algumas discussões mais exaltadas, Rafaela tomou a decisão final. Terminou o namoro. Tudo havia durado um ano e seis meses. Sérgio não aceitou. Chorou, pediu perdão, disse que amava. Rafaela chorou também. Não dava mais. Mas Rafaela não conseguiu se libertar de Sérgio. Ela ainda era muito ligada a ele. Não tinha coragem de procurar um novo namorado e quase sempre estava aos beijos com seu ex-namorado. Sérgio insistia em procurá-la. Rafaela, às vezes, cedia. Mas aquela situação não estava legal e ela começou a se distanciar dele o máximo que podia. Estava se aproximando o aniversário de quinze anos dela. Seus pais estavam se esforçando para juntar dinheiro suficiente para fazer uma bonita festa. Mas, na prática, ela não era mais uma debutante. Já tinha seus inúmeros problemas de gente grande e Sérgio era sem dúvida o maior deles. A valsa dos quinze anos já estava sendo ensaiada. Rafaela não tinha novo namorado, mas também não queria que Sérgio estivesse com ela nesse momento importante. Não queria mais dar esperanças a ele.
Rafaela ligou para Sérgio. Mais uma vez discutiram. Ele estava agressivo. Ela tentou manter a postura. Estava decidida. Tudo o que viveu com Sérgio precisava ficar para atrás. Começar de novo. Mudar de vida. Resolveu encontrar-se com ele. Dizer a ele que não queria mais suas ligações e nem encontrá-lo mais eventualmente. Precisava colocar um ponto final nessa história. Marcaram para se ver após a aula dela. O descontrolado Sérgio não conseguia imaginar perder sua namorada. Jamais conseguiria vê-la com outro cara. Estava nervoso. Deixou a ira aflorar. Pensou mil besteiras. A linha tênue entre o amor e o ódio foi quebrada. Sérgio foi encontrar a ex-namorada, mas levou consigo uma faca, a arma branca que ceifou uma adolescência ainda informe. O corpo de Rafaela foi encontrado ensanguentado, inerte, sem vida. O sangue do seu corpo mesclava-se ao vermelho da farda do colégio que ela usava. Era uma cena triste. O alucinado Sérgio desferiu criminosamente dez facadas contra a indefesa Rafaela. Comoção e tristeza total. O crime chocou os moradores do subúrbio onde viviam. Sérgio foi entregue a polícia um dia depois pelo próprio irmão, que não entendia a loucura que Sérgio havia feito. Preso, ele confessou o crime e disse que pagaria pelo que fez. Mas o que ele fez é impagável. Seu João e Dona Lurdes não conseguiam segurar tamanha dor. No interior deles havia um sentimento de culpa. Doze anos era muito cedo para uma menina começar uma relação. Ainda mais com um jovem quatro anos mais velho. O que eles poderiam ter feito? A raiva direcionada ao doentio Sérgio não resolveria nada. Ele ficaria preso. Mas o intercurso vital da pequena Rafaela já havia sido interrompido. E isso era definitivo!
Como todas as meninas de sua idade, Rafaela já estava querendo namorar. O primeiro beijo ela já tinha dado. Mas tinha sido numa brincadeira entre vizinhos. Não foi nada comprometedor e ela não gostava dele. Mas o papo corrente era sempre namoro. E Rafaela também queria um garoto para ser seu companheiro. Na verdade, não queria um garoto, mas um homem. Ela ainda não tinha completado treze anos, mas já se sentia uma mulher. Fisicamente, ela já era. Tinha um bonito corpo formado, rostinho de menina e belos cabelos cacheados. Os meninos viviam dando em cima dela, mas ela não era de dar muita ousadia. Sempre ouviu os conselhos de sua mãe e, por isso, não queria ser qualquer uma na boca dos meninos. Através de suas amigas, ela conheceu Sérgio. Ele já tinha 16 anos. E como toda menina no início da adolescência, Rafaela também preferia se relacionar com homens mais velhos. Normalmente, as meninas se sentem maduras e querem homens experientes, que tenham condições, que trabalhem e sejam de boa pegada. Existem exceções, mas a maioria pensa assim. Poucas adolescentes se envolvem num romance infantil com garotos da mesma idade ou mais novos. Rafaela queria ser como as colegas e, assim, começou a namorar Sérgio um mês antes de completar treze anos. No início, era escondido dos pais, pois Rafaela sabia o quanto Seu João ficaria chateado. O namoro começou agradável. Estava sendo uma descoberta. Sérgio era amável. Trabalhava numa padaria ajudando sua tia. Sempre que podia, trazia diversos presentes para Rafaela. Aos poucos, todo mundo ficou sabendo. Seu João não aprovou, ficou triste, mas se resignou. Ele, como a maioria dos pais, não sabia o que fazer. Proibir resolveria? Provavelmente não. Era necessário fiscalizar o namoro da filha? Talvez sim, talvez não. Ele tinha medo de constranger a filha, era um pai muito compreensivo. Quantas meninas não queriam ter um pai assim. Rafaela era uma garota de sorte.
A ingenuidade é quase sempre um problema. Rafaela demorou a perceber que seu amável namorado era possessivo. A relação afetuosa e gostosa que tinham encobria os defeitos de Sérgio. O namoro estava se consolidando, mas Rafaela começou a abrir a cabeça. Chegou a ser alertada pelas amigas. Sérgio era ciumento em excesso e queria sempre ter ela por perto. Aos poucos, o amor, que Rafaela estava adquirindo por ele, começou a desaparecer. Mais uma vez foi pressionada pelas amigas, mas dessa vez para terminar o namoro. Após algumas discussões mais exaltadas, Rafaela tomou a decisão final. Terminou o namoro. Tudo havia durado um ano e seis meses. Sérgio não aceitou. Chorou, pediu perdão, disse que amava. Rafaela chorou também. Não dava mais. Mas Rafaela não conseguiu se libertar de Sérgio. Ela ainda era muito ligada a ele. Não tinha coragem de procurar um novo namorado e quase sempre estava aos beijos com seu ex-namorado. Sérgio insistia em procurá-la. Rafaela, às vezes, cedia. Mas aquela situação não estava legal e ela começou a se distanciar dele o máximo que podia. Estava se aproximando o aniversário de quinze anos dela. Seus pais estavam se esforçando para juntar dinheiro suficiente para fazer uma bonita festa. Mas, na prática, ela não era mais uma debutante. Já tinha seus inúmeros problemas de gente grande e Sérgio era sem dúvida o maior deles. A valsa dos quinze anos já estava sendo ensaiada. Rafaela não tinha novo namorado, mas também não queria que Sérgio estivesse com ela nesse momento importante. Não queria mais dar esperanças a ele.
Rafaela ligou para Sérgio. Mais uma vez discutiram. Ele estava agressivo. Ela tentou manter a postura. Estava decidida. Tudo o que viveu com Sérgio precisava ficar para atrás. Começar de novo. Mudar de vida. Resolveu encontrar-se com ele. Dizer a ele que não queria mais suas ligações e nem encontrá-lo mais eventualmente. Precisava colocar um ponto final nessa história. Marcaram para se ver após a aula dela. O descontrolado Sérgio não conseguia imaginar perder sua namorada. Jamais conseguiria vê-la com outro cara. Estava nervoso. Deixou a ira aflorar. Pensou mil besteiras. A linha tênue entre o amor e o ódio foi quebrada. Sérgio foi encontrar a ex-namorada, mas levou consigo uma faca, a arma branca que ceifou uma adolescência ainda informe. O corpo de Rafaela foi encontrado ensanguentado, inerte, sem vida. O sangue do seu corpo mesclava-se ao vermelho da farda do colégio que ela usava. Era uma cena triste. O alucinado Sérgio desferiu criminosamente dez facadas contra a indefesa Rafaela. Comoção e tristeza total. O crime chocou os moradores do subúrbio onde viviam. Sérgio foi entregue a polícia um dia depois pelo próprio irmão, que não entendia a loucura que Sérgio havia feito. Preso, ele confessou o crime e disse que pagaria pelo que fez. Mas o que ele fez é impagável. Seu João e Dona Lurdes não conseguiam segurar tamanha dor. No interior deles havia um sentimento de culpa. Doze anos era muito cedo para uma menina começar uma relação. Ainda mais com um jovem quatro anos mais velho. O que eles poderiam ter feito? A raiva direcionada ao doentio Sérgio não resolveria nada. Ele ficaria preso. Mas o intercurso vital da pequena Rafaela já havia sido interrompido. E isso era definitivo!
Comentários
Espero que Deus console essa família.
RF
Estou cansado de ver tantas vidas ceifadas e tantos jovens imaturos e medíocres!
Que Deus tenha misericóridia de nós!
Um abraço