Pular para o conteúdo principal

QUASE...



A paroxítona expressa no título desse texto me persegue. Quando reflito com coerência, percebo que, na verdade, invariavelmente, ela atormenta a todos. O fato é que estou precisando desabafar. Há uma urgência para o meu grito. Estou buscando os vocábulos adequados, esquematizando as ideias e pondo a mão na massa. Esse texto precisa sair; meu Deus, ele não pode ser um 'quase texto'.

Não gosto de justificar argumentações com base nos instintos. Entretanto, preciso começar dizendo que o homem só gosta de vencer. Isso não é óbvio? Perder não faz parte da nossa natureza! Ouvi o meu interior bramando, lembrando-me que nas frustrações é que obtemos aprendizado, experiência e um eficaz crescimento. Mas ainda não me satisfaz. O nosso maior alvo continua sendo o prêmio final. Não há beleza em ser vice. O primeiro lugar é sempre um objetivo fixo. Em alguns casos, esse primeiro lugar varia conforme a meta estabelecida; mas a regra prevalece: seria melhor estar no topo da lista.

Acordamos e, de repente, acreditamos em nós mesmos. Então vamos à luta cotidiana. Nos aventuramos em vestibulares, concursos, entrevistas de emprego, em relacionamentos etc. Tentamos sempre colocar o nosso melhor à disposição, porque sabemos a valiosidade de obter êxito. A competição é sempre acirradora. Sabemos que alguém irá perder; mas esse alguém não pode ser eu! Usamos disciplina, perseverança e autoconfiança. Tudo isso mesclado a uma pontinha de sorte nos dará o tão sonhado objetivo: a inesquecível vitória. Mas ela não vem. Você bateu na trave: não foi gol. O placar não mudou e você não consegue acreditar no que vê. Mas foi por pouco, quase...

E esse 'quase' segue seu ciclo, marcando de modo intermitente a sua presença nas minhas pelejas. Um professor de Física que tive no Ensino Médio, costumava dizer, quando errávamos uma pergunta feita por ele, que nós estávamos 'quase certos'. E depois ele dava a cartada final:'quase certo, completamente errado'. O pior é que ele tinha razão. Quase campeão é o mesmo que vice derrotado, quase feliz é o mesmo que triste, quase universitário é o mesmo que vestibulando fraco, quase concursado é o mesmo que concurseiro fracassado, quase aprovado é o mesmo que reprovado.

Hoje estou quase feliz, porque quase fui aprovado e quase me tornava um concursado da Receita Federal. Por isso, esse texto precisava ser postado. Eu precisava acabar com a modorra que me algemava. Queria expulsar os meus pensamentos ruins e a minha evidente tristeza. Dos amigos e parentes ao redor eu ouço palavras de apoio, de incentivo e de parabenização. Mas o que eu queria eu não consegui: fiquei no quase.

Comentários

Gildson Souza disse…
Só quem ficou no quase entende como é. É como dizem: aquele que diz que o importante é competir é porque nunca perdeu.

Gostei do post
Parabéns
Gabriel França disse…
É 'quase' impossível você não passar nos concursos, porque a gente ja ta cansado de saber que você é um cara que se esforça e estuda muito em busca dos seus objetivos. É uma pena mesmo.
Mas é isso mesmo, vei. Agora é levantar a cabeça e pensar na 'próxima partida' e conseguir os '3 pontos' que é o mais importante.
obs.: no começo do texto eu pensei que vocÊ tava falando do Esporte Clube Vitória: só vi a palavra vice.

Um abraço!
Quéren disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Quéren disse…
Realmente é terrivél ficar no "quase"". Ele nos assusta. Às vezes a té não nos deixa tentar novamente.
Sei que esse não é o seu caso. Você é uma pessoa que almeja coisas grandiosas. É meio capitalista, mas vamos lá, quem não é no mundo de hoje?! Quero que você continue. Não foram as 3 questões que te derrubaram,foisim um grande ensinamento para você não ser só bom, pra você ser ótimo e em todas. Você já é um vencedor!
Estamos torcedo pelo seu sucesso. Duelos maiores virão, você vai suar no combate, mas vitórias saborosas virão pra te lembrar que os filhos de Deus são mais que vencedores.
Beijo
Quéren disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael França disse…
Mesmo ciente, hoje, de que você não ficou no quase, quero lhe parabenizar pelas idéias contidas neste excelente texto, parceiro. Você, como poucos, sabe pôr em prática o que Bernardinho quis ensinar quando disse que "a vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer". Os momentos em que ficamos no quase devem mesmo é nos servir como aprendizado. E você, irmão, aprende a cada dia e sabe que o fã aqui torce muito por você. Boa sorte na segunda fase, parceiro. Espero a sua volta a este post para comemorarmos a sua aprovação. Parabéns pelo texto. Um abraço,

RF

Postagens mais visitadas deste blog

EDMÉIA WILLIAMS - UM EXEMPLO DE FORÇA E CORAGEM

Vivemos em um mundo altamente egoísta. São raras as ações de humanitarismo e solidariedade. Por isso mesmo, elas merecem grande destaque. São poucos os relatos de pessoas que abandonam o seu cotidiano e a sua comodidade para contribuírem para o bem-estar do próximo. A “personalidade da semana” do INTITULÁVEL é uma dessas exceções da sociedade hodierna. Edméia Willians nasceu em Santarém, interior do Pará. Entretanto, sua família migrou para Salvador, na Bahia, onde ela passou a maior parte de sua vida. Aqui ela cresceu, realizou seus estudos, se casou, constitui família e obteve os bacharelados em Pedagogia, Filosofia, Psicologia e Música. A sua vida era normal, como de muitos. Passou a morar no Rio de Janeiro, devido ao emprego de seu marido. Chegou até a morar no Iraque, ainda na época de Sadan, também por motivos profissionais relativos ao seu esposo. Tudo transcorria normalmente até que duas tragédias mudaram a história de sua vida. Em um período muito curto, Edméia perdeu o seu es...

Eu sou burro

Eu sou burro, mas tão burro, que quem agora me lê acredita que eu sei escrever. E, sendo tão burro e insensato, resolvi falar da minha burrice para receber um elogio contrário ao que condeno sobre mim. Muita burrice mesmo! Escrevendo no Word!   Sendo corrigido pelo traço vermelho de ortografia! Muita estupidez! Eu sou burro, mas tão burro, que... Usei reticências – por não ter outro pensamento para colocar depois da última palavra. Usei travessão para demonstrar que conheço os recursos da língua. Conheço nada! Vi em algum livro e achei bonito. Sou mesmo muito burro! O pior de tudo é que, a essa altura, o leitor já deve estar impaciente, porque deve achar que é soberba minha; hipocrisia barata. Mas eu te pergunto, leitor: esse ponto e vírgula que eu usei acima está empregado corretamente? E mais: é certo o corretor ortográfico do Word sublinhar a minha pergunta, utilizando a cor verde, insinuando que não há concordância em “ponto e vírgula” com “es...

O PODER DO PERDÃO

“...sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros...” Bíblia Sagrada "Compreender tudo, é tudo perdoar." Leon Tolstói Não é comum ao ser humano perdoar. Não é uma tarefa fácil. Compreender o modo de agir do próximo pode ser impossível. Entretanto, todos reconhecem, quer cristãos ou judeus, islamitas ou budistas, católicos ou evangélicos, ateus ou agnósticos, a importância do ato de perdoar. A palavra “perdoar” traz embutida em sua essência semântica a idéia de absolvição. É através do perdão que os seres humanos conseguem aceitar as falhas e conviver bem com as diferenças. No cotidiano, passamos por diversos momentos onde o perdão se faz ou deveria se fazer presente. Desde pequenos, aprendemos a pedir desculpas. E esse ato de educação nos acompanha ao longo da vida. Entretanto, esta boa ação torna-se simplesmente uma praxe, sem o devido entendimento do assunto. O perdão proporciona a abertura dos relacionamentos. Não há casamento estável, ou ...