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A BUROCRACIA QUE ESTRESSA, DESANIMA E MATA

Recentemente, necessitei utilizar alguns serviços dos famigerados cartórios judiciais. Eram coisas aparentemente simples: autenticação, reconhecimento de firma, certidões e habilitações. Posso afirmar com convicção que perdi três tardes e duas manhãs para obter tudo o que me era necessário. Tudo foi realmente muito estressante. Além de muita burocracia, encontrei pela frente funcionários mal-educados e despreparados. Uma das tentativas foi frustrada porque houve paralisação dos servidores. E eu precisava resolver meus problemas, mesmo sem ter tempo hábil para isso. O meu tempo teoricamente livre ocorre aos sábados e domingos, quando justamente os cartórios não funcionam. Assim como milhares de brasileiros, abdiquei de outras atividades, suportei com paciência a espera e, com persistência, venci a burocracia.

Normalmente, utilizamos o termo “burocaracia” com um sentido pejorativo, significando uma administração com muitas divisões, regras e procedimentos redundantes, desnecessárias ao funcionamento do sistema. Não há quem goste dela. Na prática, a burocracia é um conceito administrativo amplamente usado, caracterizado principalmente por um sistema hierárquico, com alta divisão de responsabilidade, onde seus membros executam invariavelmente regras e procedimentos padrões, como engrenagens de uma máquina. Assim sendo, podemos reconhecer a importância da departamentalização, dos níveis hierárquicos, dos documentos de identificação e das papeladas de um modo geral. Tudo isso é importante no funcionamento de uma empresa e, obviamente, também é essencial para o funcionamento da administração pública. O sociólogo Max Weber estudou e criou a teoria da burocracia e, graças a ele, temos hoje um modelo de gestão administrativa que tem impessoalidade e funcionaliade.

Entretanto, ainda há uma morosidade absurda no judiciário brasileiro. A burocracia é necessária, mas não pode ser obstáculo ao cumprimetno dos prazos processuais. Li numa revista semanal a triste história de um homem que foi morto “burocraticamente” por engano. Um erro burocrático tirou tudo o que ele tinha e, infelizmente, a burocracia judiciária estava impedindo-o de ter sua vida de volta. Por mais incrível que pareça, ele não conseguiu provar que estava vivo. Ele falava, respirava, seu coração batia, mas tinha certidão de óbito. E no Brasil o papel vale mais que a própria realidade. Já é tempo de reformarmos nosso sistema, para fazer valer o utópico princípio da eficiência, expresso pela nossa Carta Magna.

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