Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
MANUEL BANDEIRA
Passamos a nossa vida inteira em busca de um mundo perfeito, entretanto nunca o encontramos. Queremos nos ver livres dos problemas, das angústias, da violência, da ansiedade, da depressão, do estresse físico e emocional, da obrigatoriedade do trabalho, do medo de tudo, da incerteza do futuro. É natural ao ser humano ansiar por uma vida salutar. Mas, ao analisarmos a história, percebemos que tornar o mundo num lugar ideal parece ser uma tarefa impossível.
Cada pessoa cria os seus subterfúgios para sobreviver. Uns escondem-se na arte, seja ela escrita, cantada,dançada, coreografada ou pintada. Outros no esporte e na atividade física. Há também quem busque auxílio nos narcóticos, no álcool, no cigarro, no café, na coca-cola. Uns se envolvem em projetos altruístas. Outros buscam o constante poder e a fama. Uns até desistem da vida, marginalizam-se e suicidam-se emocionalmente ou fisicamente. Existe em todos estes casos citados um único desejo: viver bem! Queremos sempre fugir das circunstâncias cruéis, tristes e aterrorizantes. Por isso, alguns também se aquecem na religião, na fé, na crença de um mundo irreal, de uma vida posterior. Daí emerge a idéia de céu. De um paraíso. De um local maravilhoso, indescritível, onde só ocorre o bem e a vida é plenamente perfeita. Esta visão utópica é facilmente identificável em qualquer indivíduo.
Ao lembrar do final do filme “A Fuga das Galinhas”, pode-se compreender o que tanto chamamos de paraíso, ou de final feliz. A película infantil encerra com um desfecho faustoso, quando após uma exitosa fuga, as galinhas passam a viver juntas num ambiente belo, terno e agradável. A sensação que se fica é de que ali não há dor, não há morte, não existem problemas ou dificuldades que tanto nos atormentam. Aquilo ali parece ser realmente a definição de céu. Mas paraíso é igual a gosto: cada um tem o seu! Os esquimós crêem em um céu vindouro, que seja quentinho e aconchegante, como numa lareira. Os islamitas, normalmente moradores de áreas desérticas, crêem num céu parecido com um oásis, com rios, muitas plantas de grande porte, muitos alimentos e muitas mulheres. Em “Vidas Secas”, Graciliano Ramos destina para a cachorra Baleia um céu inusitado, onde o pobre animal teria uma superpopulação de rês para caçar. Da mesma maneira, qualquer pessoa pode mentalizar o seu modo de viver ideal. É uma visão intrínseca a cada um.
Manuel Bandeira também expressa o seu desejo de fuga. Ele quer estar em Pasárgada, onde suas vontades e necessidades são satisfeitas. Mas existe nesta poesia modernista um destaque às trivialiades da vida. São elas que tornam o autor feliz. E elas estão presentes no seu paraíso. São desejos carnais, materiais e emocionais. Todos satisfeitos por esta vida terrena, segundo ele. Entretanto, ele se equivocou. Chega uma hora em que o humano não se satisfaz mais. Em que tudo parece enfadonho. Que o conhecimento chega ao seu limite máximo. Nesta hora fatídica, nos voltamos metafisicamente para o mundo das idéias e das suposições. Voltamos a pensar numa Pasárgada distinta. Num céu. Num paraíso. Num mundo perfeito. E assim passaremos toda a nossa vida humana. Cheios de dúvidas, incertezas, medos e anseios. Desejando um mundo melhor aqui e uma Pasárgada celestial em algum lugar, distante o suficiente do bicho homem e seu mundo cruel.
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
MANUEL BANDEIRA
Passamos a nossa vida inteira em busca de um mundo perfeito, entretanto nunca o encontramos. Queremos nos ver livres dos problemas, das angústias, da violência, da ansiedade, da depressão, do estresse físico e emocional, da obrigatoriedade do trabalho, do medo de tudo, da incerteza do futuro. É natural ao ser humano ansiar por uma vida salutar. Mas, ao analisarmos a história, percebemos que tornar o mundo num lugar ideal parece ser uma tarefa impossível.
Cada pessoa cria os seus subterfúgios para sobreviver. Uns escondem-se na arte, seja ela escrita, cantada,dançada, coreografada ou pintada. Outros no esporte e na atividade física. Há também quem busque auxílio nos narcóticos, no álcool, no cigarro, no café, na coca-cola. Uns se envolvem em projetos altruístas. Outros buscam o constante poder e a fama. Uns até desistem da vida, marginalizam-se e suicidam-se emocionalmente ou fisicamente. Existe em todos estes casos citados um único desejo: viver bem! Queremos sempre fugir das circunstâncias cruéis, tristes e aterrorizantes. Por isso, alguns também se aquecem na religião, na fé, na crença de um mundo irreal, de uma vida posterior. Daí emerge a idéia de céu. De um paraíso. De um local maravilhoso, indescritível, onde só ocorre o bem e a vida é plenamente perfeita. Esta visão utópica é facilmente identificável em qualquer indivíduo.
Ao lembrar do final do filme “A Fuga das Galinhas”, pode-se compreender o que tanto chamamos de paraíso, ou de final feliz. A película infantil encerra com um desfecho faustoso, quando após uma exitosa fuga, as galinhas passam a viver juntas num ambiente belo, terno e agradável. A sensação que se fica é de que ali não há dor, não há morte, não existem problemas ou dificuldades que tanto nos atormentam. Aquilo ali parece ser realmente a definição de céu. Mas paraíso é igual a gosto: cada um tem o seu! Os esquimós crêem em um céu vindouro, que seja quentinho e aconchegante, como numa lareira. Os islamitas, normalmente moradores de áreas desérticas, crêem num céu parecido com um oásis, com rios, muitas plantas de grande porte, muitos alimentos e muitas mulheres. Em “Vidas Secas”, Graciliano Ramos destina para a cachorra Baleia um céu inusitado, onde o pobre animal teria uma superpopulação de rês para caçar. Da mesma maneira, qualquer pessoa pode mentalizar o seu modo de viver ideal. É uma visão intrínseca a cada um.
Manuel Bandeira também expressa o seu desejo de fuga. Ele quer estar em Pasárgada, onde suas vontades e necessidades são satisfeitas. Mas existe nesta poesia modernista um destaque às trivialiades da vida. São elas que tornam o autor feliz. E elas estão presentes no seu paraíso. São desejos carnais, materiais e emocionais. Todos satisfeitos por esta vida terrena, segundo ele. Entretanto, ele se equivocou. Chega uma hora em que o humano não se satisfaz mais. Em que tudo parece enfadonho. Que o conhecimento chega ao seu limite máximo. Nesta hora fatídica, nos voltamos metafisicamente para o mundo das idéias e das suposições. Voltamos a pensar numa Pasárgada distinta. Num céu. Num paraíso. Num mundo perfeito. E assim passaremos toda a nossa vida humana. Cheios de dúvidas, incertezas, medos e anseios. Desejando um mundo melhor aqui e uma Pasárgada celestial em algum lugar, distante o suficiente do bicho homem e seu mundo cruel.
Comentários
Gostei do texto!
Abraço!
A minha Pasárgada breve virá, não ficará só na imaginação.
NO céu.
Um abraço a todos
obs.: Que bom que voltou, Gabriel! Tô esperando por seus textos. Vamos reagir!!!
Quanto ao texto em questão: "Em busca de Pasárgada"...poderia dizer que é instigador. Ele trata do quê a mais que todos, em algum momento na vida, buscam.
Contudo, admito que pensar no paraiso não é algo que faço com frequência. Prefiro me preocupar em aproveitar a vida, que na sua brevidade, nos desafia a dar o melhor de nós, tornando-a valiosa e justificável.
Abraços!