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ROMANCE


A sociedade hodierna desaprendeu, aos poucos, o verdadeiro sentido do amor romântico. O platonismo, as tragédias românticas e o amor impossível estão desaparecendo. Há entre nós uma supervalorização da entrega física, do amor carnal e prazeroso, pregado no século XIX pelo Naturalismo Literário. Houve um esvaziamento das idéias ligadas ao coração. Entre os homens, está em extinção a figura do “gentleman”, hoje rapidamente associada ao homossexualismo. As mulheres, na sua ânsia por se igualarem aos homens, entraram pelo mesmo desfiladeiro e perderam a sensibilidade, o gosto pelos detalhes, o prazer pelo romance e a inteligência emocional.

“Romance” é uma produção brasileira dirigida pelo talentosíssimo Guel Arraes e um filme nacional feito com um elenco de primeira. O consagrado Wagner Moura, demonstrando mais uma vez o seu dom para o cinema, e a surprendente Letícia Sabatella, acostumada aos chorosos papéis de novelas e mini-séries globistas, dão um verdadeiro show de como representar bem. O filme é uma trama que vai buscar, na insólita e clássica história de Tristão e Isolda, a origem para o amor romântico. Mesclando teatro e televisão, a história nos remete a refletir sobre a importância de viver um grande amor, seja ele trágico impossível ou recíproco feliz. A película segue um ritmo frenético com flash-back e uma dinâmica inusitada. Realmente, é necessário concentração e um pouco de acuro intelectual e emocional, para não achar o filme enfadonho. Entretanto, eu recomendo essa obra cinematográfica.

Este texto não é apenas um convite para assistir ao filme! É um chamado à reflexão. Por que não se arriscar e viver um grande amor? Por que temer as conseqüências? Por que não ser um pouco mais romântico? Por que não gastar tempo observando meticulosamente os detalhes, apreciando o luar, degustando uma bela poesia? A velocidade das grandes cidades inibe todas essas ações. Precisamos de força de vontade, para resistir à pressa, ao fast food, ao presente pronto e ao puro desejo físico. Apenas assim poderemos compreender a beleza que se encontra subjacente ao romance.

Comentários

tio bay disse…
Romance...
O tema abordado por Tiguinho nos remete aos clássicos do teatro, cantado em verso e prosa e reproduzido pel o cinema, ensinando a relação nem sempre verdadeira entre amor, paixão e tragédia!
Sempre que o assunto é romance a imagem do impossível ou improvável nos acomete.
Mas o escritor lembrou bem: Romantismo não está fora de moda. E é muito fácil de ser observado entre casais récem formados, pois paixão e romantismo se completam. Mas queria lembrar do desafio de ser romantico quando o casamento chega, os filhos crescem e o cansaço bate à porta. Imagino ser esse o grande desafio... trilhar a juventude com tamanha dedicação ao ser amado que um dia, quando acordar ao seu lado e os seus dentes não estiverem mais no mesmo lugar – assim como outras partes do corpo! – poder olhar e dizer: “eu te amo! Você é a mulher (homem) mais linda(o) do mundo!”
Nesse particular, quero dedicar o meu louvor a um certo SALOMÃO, que vive o romantismo a cada dia com uma certa NILDETE, deixando seus filhos, vizinhos, sobrinhos e conhecidos com um gostinho de querer um dia ter uma relação tão bonita.
Parabéns Tiguinho pelo texto e vamos em busca do verdadeiro romantismo que se renova a cada dia.
tb
Quéren disse…
Falar de romance é sempre bom, viver é melhor ainda. Mesmo que muitos deles nos deixem marcas eternas somos acometidos a vivenciálos novamente.Ser romantico é a questão abordada,e é um tema muito polêmico,na sociedade hodierna em que vivemos somos envolvidos por preconceitos irracionais que nos fazem sucumbir ao que realmente querenmos dizer e sentir.
Viver um romance não é amar, ser romântico não é ser ridículo, não necessariamente atitudes bizarras são impostas a isso, vai de quem quer ser...exagerado, sonhador,meticuloso,exibido.
A vida é como um romance, não é?! Está cheia de suspense. Você não faz idéia do que vai acontecer até virar a página...O romance é a chave dos quartos secretos da nossa casa.
Quéren disse…
Parabéns a Tiago. Maior romantico que conheço. Espero que não seja o último, ainda pretendo acahr o meu.rsrs
Rafael França disse…
Parabéns, amigo. Mais um excelente texto veio à tona. O filme, ainda não assisti. Mas aceito a sua indicação. Falar de romance é complicado e você o fez com maestria. Com impessoalidade o seu texto e o meu comentário não existiriam: definir o ser romântico sem nada ter vivenciado seria complicado. Mas prefiro me apegar ao contexto cultural, mesmo. E como você bem explicitou em palavras oportunas, o amor romântico é uma raridade nos nossos tempos, de fato. Parabéns, irmão. Um abraço,

RF
Jaque disse…
TiagO!!! Ótimoo texto. Desde que você postou esse texto, tive vontade de deixar um comentário aqui mas, minhas palavras não fazem justiça ao que você escreveu nem ao que realmente merece ouvir. Vou deixar aqui os mais sinceros parabéns. Romance é um assunto que me interessa muuuito mas, não sei se existe alguém que compartilhe essa idéia comigo. Como você disse, é raro hoje. (rs)

Parabéns novamente pelo texto maravilhoso. Ainda não assisti o filme mas... com certeza vou!


BjO para tds vc's do INTITULÁVEL.
Gabriel França disse…
Acredito que falar de romance seja complicado, por ainda não ter vivido um verdadeiramente. Admiro o relacionamento sério, com sentimentos verdadeiros de ambas as partes. Há muito tempo tem faltado em nossa sociedade esse tipo de relação. Tiago explicitou bem o fato do apelo ao físico. Isso é bem verdade.
No mais, devo dizer que procurarei o filme para assistir e parabenizo Tiago pelo texto.
Um abraço.
Anônimo disse…
Ser romântico não é realmente fácil... permanecer romÂntico em meio as agruras da vida é mais difícil ainda... mas eu garanto: não é impossível! É só querer! Me orgulho de ser um romântico e com certeza ensinarei os meus filhos a serem, torcendo para que eles, assim como eu, possam viver um grande romance, uma linda hisória de amor.

Abraços para todos vocês que nos acompanham texto-a-texto, suportam nossos escritos e comentam nos incentivando!

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