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QUE CRISE?

Há cerca de seis meses atrás, no estopim da crise econômica mundial, os brasileiros ouviam através da mídia falada e escrita, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva dizer que não havia com o que se preocupar no Brasil. O Ministro da Fazenda Guido Mantega era mais cauteloso e não se ousava como o intrépido Presidente. O fato é que, no início de 2009, a população começa a sentir os efeitos da tão falada crise. Agora, não são apenas números de cotações de bolsas de valores e de crescimentos de PIB que preocupam as autoridades, mas principalmente os números de demissões.

Com a crise no mundo todo, houve uma recessão em quase todos os setores produtivos. As grandes multinacionais sentiram o baque. E são os trabalhadores que já começaram a pagar o pato. Começou a temporada de demissões em larga escala. Em outros casos, férias coletivas e redução de salários para atenuar o problema e evitar os cortes. Sob o rótulo da crise, as pessoas passaram a ser mais cautelosas e reduziram os gastos excessivos e desnecessários. Com a diminuição do consumo das famílias, há, conseqüentemente, uma redução nas vendas, que implica uma redução na produção, gerando menos lucros para os grandes empresários, que inconformados, chegam avidamente aos cortes. A coisa é realmente séria! As concessionárias em 2008 chegavam a vender 600 carros por mês, enquanto que estão vendendo em torno de 100 carros por mês em 2009. Os cortes neste ramo foram astronômicos. O número de pedidos de seguro-desemprego começou a disparar, demonstrando o aumento do desemprego. Segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), apenas na região paulista foram contabilizadas 130 mil demissões em dezembro de 2008. Por todo o país já se espalhou a onda. O temor bate a porta de cada trabalhador brasileiro.

Muito se ouviu falar também nos pacotes salvadores. Os Eua e os países europeus foram os pioneiros, mas estão sendo seguidos de perto pelos outros países. Um pacote nada mais é do que uma maneira de salvar as grandes empresas e bancos da falência. Com isso, evita-se caos no mercado e o excesso de demissões. A grande questão é que o dinheiro público está sendo usado para saldar dívidas de empresários do alto escalão, banqueiros e de multinacionais. Na verdade, é correto até afirmar que a onda de demissões está ocorrendo como uma forma de pressionar o governo brasileiro a liberar os pacotes. Infelizmente, os ricos continuam cada vez mais ricos e querem descontar a pequena redução de seus incomensuráveis patrimônios nos contracheques de trabalhadores assalariados. É preciso abrir o olho. Acompanhar atentamente o noticiário. Entender essa jornada econômica. Manter os pés no chão. E fazer valer o seu direito de ser cidadão.

Comentários

Rafael França disse…
Através deste novo texto, vc ajudou o INTITULÁVEL a quebrar mais um tabu, amigo... A crise atual é, talvez, a mostra mais clara da alta complexidade quando se fala em matéria de economia. Resta-nos agora aguardar os efeitos dos ostensivos "pacotões" mundo afora. O dos yankees eh o maior, e não poderia deixar de ser - já foram confirmados mais de U$800 bilhões na tentativa de salvar o capitalismo em decadência. Não acredito numa recuperação imediata, mas o mundo certamente aprenderá a lidar melhor com o capital especulativo. Parabéns pelo texto! Mais uma rica contribuição. Estamos no caminho certo. Um abraço,

RF
Jaque disse…
Parabéns!!! Ameei seu texto. Como sempre o "Intitulável" mostra-se cada vez mais atual e informativo.
Particularmente falando, não acompanho de perto os noticiários que com certeza nos bombardeiam de notícias similares, mas quando vejo ou leio entro em uma 'paranóia' só!
Não é novidade que estamos sendo puxados para baixo mas nos jornais sempre ouço que o emprego está crescendo muito no ramo comercial. E embora eu sempre fique com medo quando vejo grandes empresas como a Vale despedir muitos ao invés de aumentar o número de empregados, sinto esperança quando ouço dizer que tem trabalhos 'sobrando' por aí. Não sou a pessoa mais indicada para falar desse assunto mas... gostaria de ontribuir com o meu humilde comentário aqui. Desejando boa sorte a todos que pretendem adentrar no mercado de trabalho esse ano e aos que já estão!
BjO*
Gabriel França disse…
Essa crise atual, que tanto assusta o mundo, me faz lembrar a de 1929. Naquela época os EUA eram a maior potência do mundo, pois exportavam e produziam mais produtos. A população era cada vez mais impulsionada ao consumo e a produção teve de aumentar para satisfazer a demanda. Porém, o efeito foi o contrário. Houve a superprodução e a conseqüente falta de compradores, o que gerou o desemprego conjuntural.
Hoje, revemos os EUA como protagonista de uma crise mundial. Países como Japão e Alemanha vem sendo os grandes prejudicados dessa crise.
Também acredito que o fim dessa crise capitalista esteja distante.
Valeu, Tiagão, pelo texto!
Muito bom!

Abraço!
Anônimo disse…
É galera, a crise econômica ainda vai dar muito pano para manga e muito texto pro INTITULÁVEL. Jaqueline, obrigada pela contribuição. Não se asuste ainda! A crise está atingindo multinacionais. Mas os bem preparados não ficam desempregados.
Ainda vamos discutir muito economia por aqui, memso que seja uma ssunto chato e incompreensível para alguns. Um forte abraço.

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