O legado da minha educação familiar está incrustado em minha alma. São verdades eternas. Aprendi a não crer em superstições. Creio apenas nos dogmas da minha indelével fé cristã. Apesar disso, momentos, como a chegada do Ano Novo, sempre foram especiais. Cercado de parentes, amigos e irmãos participantes da mesma fé, a festa de reveillon nunca deixava a desejar. Era um momento terno e especial, quando agradecíamos a Deus pelo ano que se passou e pela maravilhosa benção de estarmos vivos para um novo ano que chegava, em meio a um mundo tão violento e conturbado. Na última virada, 2008 para 2009, vivi uma experiência distinta e que preciso relatar. Perdoem minha escrita um tanto escandalosa e sanguinária. Desculpem também as falhas ortográficas. Não houve tempo para me adequar às novas regras de grafar a língua portuguesa. De qualquer forma, vamos à história.
Resolvi passar a virada do ano com minha namorada na ilha. Fomos para a casa dos tios dela, que se localizava em Taipoca, um pequenino bairro da ilha de Vera Cruz. O clima era exuberante, como em todos os finais de ano. Verão. Alta estação. Muita gente. Areia, água, coqueiros, sol, muito sol, mar. Sim, o lindo mar da Baía De Todos Os Santos. E a vista da costa de Salvador, desde o Farol da Barra até às imediações do Subúrbio Ferroviário. Tudo tendia para o bem-estar e para o prazer. A idéia era virar o ano na beira da praia, observando os fogos de artifícios do outro lado do horizonte, na festa tradicional da virada, ocorrida na Barra.
No dia 31 de dezembro, passei a observar cautelosamente as ações de todos os que me circundavam. A preparação para o momento especial era inócua. Importante era comprar o champanhe, o vinho, as cervejas e preparar o churrasco. Na boca da noite, fui descobrindo novas idiotices. O tio de minha namorada inventou de queimar incenso dentro de casa. As minhas narinas prontamente responderam àquele desagradável odor. A televisão não falava em outra coisa. Festa, música, cachaça, supertições, nascimentos, novo ano, nova vida. Mas de modo reduzido, mostrava outras coisas, que poucos davam atenção. Confusão, tragédia, acidentes automotivos, mortes, novo ano, vida velha.
Por volta das 23 horas e 30 minutos nos deslocamos até a praia. A pracinha que dava acesso à mesma estava superlotada. Eu já não me sentia bem. A areia da praia estava uma loucura de gente. Para onde eu me mexia havia gente com celulares a fotografar, com fogos, champanhes e com relógios fazendo a contagem regressiva. Carros com o porta-malas aberto ecoavam seus sons estrondantes. Não havia na letra das músicas mensagens de superação, nem de luta, nem de paz. Tudo aquilo me incomodava. Tentei me concentrar para não decepcionar a minha namorada com a minha frustração. Ela quis se aproximar dos seus parentes que ali por perto estavam. De repente, tudo piorou. A hora se aproximou. Não havia uma contagem em uníssono. Por isso, cada qual virou o ano em seu próprio horário. Fedor de pólvora. Cortiças de champanhe voando. Chuva de champanhe. Areia. Enfim, os fogos de Salvador. Nada de magistral ou anormal. Muitos pulavam, festejavam, celebravam. Mas o quê? Eu me afastava. Reclamava internamente. Tentei ainda felicitar minha namorada e esquecer tudo aquilo ali. Aquele era para ser um momento de reflexão. De meditação. De preparação para um novo ano. De planejamento. De mudança de atitudes. Ela já havia percebido como eu estava. Não resisti. Esbravejei. Era um ambiente inóspito. Não suportava mais. Ainda falei secamente com os tios dela. Superstições ocorriam para todos os lados que olhava. Olhares inebriantes de bebida alcoólica. Falsidade. Hipocrisia. Abraços estúpidos. Já me retirava daquilo tudo, quando me lembrei de PERFEIÇÃO, de Legião Urbana. Sim, eles estavam celebrando a estupidez humana. De súbito, a letra desta música aflorou em minha mente. Ela era plena naquele momento. A festa da degeneração da raça humana. Indivíduos que não conseguem melhorar suas ações, nem viver pacificamente em sociedade. Um povo esdrúxulo, supersticioso e egocêntrico. Minha mente não parava de ruminar aquilo tudo. Não vi amor, afeto, muito menos paz. Tudo o que todos vivem desejando nas festas de Ano novo não passa de quimera. Qualquer um pode desejar, mas nem todos, ou melhor, pouquíssimos são os que conseguem exercer. Fiquei triste. A crônica da virada estava pronta em minha mente. Não a queria assim. Mas os fatos são realmente pedras duras. Estou tentando me recompor. Mas tenho de admitir que foi o pior reveillon da minha vida.
Foi necessário desabafar. Estava tudo entalado na minha garganta. O meu peito já não agüentava mais. Agradeço a atenção e os olhos leitores atentos e sinceros. Desejo a todos um 2009 de MUDANÇA. E também de conquistas. Não se esqueçam: precisamos de ATITUDE, para que no final deste ano que se inicia, possamos festejar as melhorias e rogar a Deus, em família, por mais. Que o INTITULÁVEL em 2009 possa ser um veículo de informação, cultura e entretenimento. E também um meio de extravasar o que sentimos e na maioria das vezes não conseguimos expressar.
PRECISAMOS QUE COMENTEM NOS TEXTOS, PARA SABER SE REALMENTE ELES TEM SERVIDO PARA ALGUMA COISA.
ABRAÇOS AOS COLABORADORES E AOS LEITORES ASSÍDUOS.
Resolvi passar a virada do ano com minha namorada na ilha. Fomos para a casa dos tios dela, que se localizava em Taipoca, um pequenino bairro da ilha de Vera Cruz. O clima era exuberante, como em todos os finais de ano. Verão. Alta estação. Muita gente. Areia, água, coqueiros, sol, muito sol, mar. Sim, o lindo mar da Baía De Todos Os Santos. E a vista da costa de Salvador, desde o Farol da Barra até às imediações do Subúrbio Ferroviário. Tudo tendia para o bem-estar e para o prazer. A idéia era virar o ano na beira da praia, observando os fogos de artifícios do outro lado do horizonte, na festa tradicional da virada, ocorrida na Barra.
No dia 31 de dezembro, passei a observar cautelosamente as ações de todos os que me circundavam. A preparação para o momento especial era inócua. Importante era comprar o champanhe, o vinho, as cervejas e preparar o churrasco. Na boca da noite, fui descobrindo novas idiotices. O tio de minha namorada inventou de queimar incenso dentro de casa. As minhas narinas prontamente responderam àquele desagradável odor. A televisão não falava em outra coisa. Festa, música, cachaça, supertições, nascimentos, novo ano, nova vida. Mas de modo reduzido, mostrava outras coisas, que poucos davam atenção. Confusão, tragédia, acidentes automotivos, mortes, novo ano, vida velha.
Por volta das 23 horas e 30 minutos nos deslocamos até a praia. A pracinha que dava acesso à mesma estava superlotada. Eu já não me sentia bem. A areia da praia estava uma loucura de gente. Para onde eu me mexia havia gente com celulares a fotografar, com fogos, champanhes e com relógios fazendo a contagem regressiva. Carros com o porta-malas aberto ecoavam seus sons estrondantes. Não havia na letra das músicas mensagens de superação, nem de luta, nem de paz. Tudo aquilo me incomodava. Tentei me concentrar para não decepcionar a minha namorada com a minha frustração. Ela quis se aproximar dos seus parentes que ali por perto estavam. De repente, tudo piorou. A hora se aproximou. Não havia uma contagem em uníssono. Por isso, cada qual virou o ano em seu próprio horário. Fedor de pólvora. Cortiças de champanhe voando. Chuva de champanhe. Areia. Enfim, os fogos de Salvador. Nada de magistral ou anormal. Muitos pulavam, festejavam, celebravam. Mas o quê? Eu me afastava. Reclamava internamente. Tentei ainda felicitar minha namorada e esquecer tudo aquilo ali. Aquele era para ser um momento de reflexão. De meditação. De preparação para um novo ano. De planejamento. De mudança de atitudes. Ela já havia percebido como eu estava. Não resisti. Esbravejei. Era um ambiente inóspito. Não suportava mais. Ainda falei secamente com os tios dela. Superstições ocorriam para todos os lados que olhava. Olhares inebriantes de bebida alcoólica. Falsidade. Hipocrisia. Abraços estúpidos. Já me retirava daquilo tudo, quando me lembrei de PERFEIÇÃO, de Legião Urbana. Sim, eles estavam celebrando a estupidez humana. De súbito, a letra desta música aflorou em minha mente. Ela era plena naquele momento. A festa da degeneração da raça humana. Indivíduos que não conseguem melhorar suas ações, nem viver pacificamente em sociedade. Um povo esdrúxulo, supersticioso e egocêntrico. Minha mente não parava de ruminar aquilo tudo. Não vi amor, afeto, muito menos paz. Tudo o que todos vivem desejando nas festas de Ano novo não passa de quimera. Qualquer um pode desejar, mas nem todos, ou melhor, pouquíssimos são os que conseguem exercer. Fiquei triste. A crônica da virada estava pronta em minha mente. Não a queria assim. Mas os fatos são realmente pedras duras. Estou tentando me recompor. Mas tenho de admitir que foi o pior reveillon da minha vida.
Foi necessário desabafar. Estava tudo entalado na minha garganta. O meu peito já não agüentava mais. Agradeço a atenção e os olhos leitores atentos e sinceros. Desejo a todos um 2009 de MUDANÇA. E também de conquistas. Não se esqueçam: precisamos de ATITUDE, para que no final deste ano que se inicia, possamos festejar as melhorias e rogar a Deus, em família, por mais. Que o INTITULÁVEL em 2009 possa ser um veículo de informação, cultura e entretenimento. E também um meio de extravasar o que sentimos e na maioria das vezes não conseguimos expressar.
PRECISAMOS QUE COMENTEM NOS TEXTOS, PARA SABER SE REALMENTE ELES TEM SERVIDO PARA ALGUMA COISA.
ABRAÇOS AOS COLABORADORES E AOS LEITORES ASSÍDUOS.
Comentários
Serve para refletir no resultado da sua experiencia desastrosa com o propósito de dar a você a mesmo a chance de iniciar a mudança invocada em seu texto. Vejamos:
I- Os seus leitores poderão ter um sentido muito mais crítico do que você espera, e, num mundo pautado por processos de pedido de indenização por danos morais, é aconselhável o cuidado de uma escrita mais genérica, ainda que narrativa, para os pontos dos conceitos pessoais que antagonizam as crendices populares. Daí que, chamar de IDIOTICE o que para muitos é a encarnação da crença de que o cheiro das folhas em estado de putrefação se queimando afasta os maus espíritos ao tempo em que invoca os bons... há quem creia, amigo, e isso deve ser respeitado;
II - A afetividade que o momento de confraternização sugere, deveria trazer à tona o desejo de união, mas não de unidade (II cor 2:1), logo, a capacidade de congraçamento com os diferentes de pensamento enaltecem o momento e demonstram uma inteligencia emocional exuberante, digna dos grandes homens. Como te coloco no rol de tais homens, 2009 poderá trazer a oportunidade de praticar tal mudança, na adversidade;
III - E finalmente, parabéns pela capacidade de síntese, pela dinâmica demonstrada no relato dos pequenos detalhes, enriquecendo o leitor e o transportando, como a leitura se propõe, à cena vivida, sobretudo nos momentos da visão exuberante da nossa Baia de Todos os Santos (todos?).
Abraços.
Jocimar França - seu tio bay.
RF
Parabeniza-los, e dizer que começaram muito bem o ano!^^
Bom, eu concordo com absolutamente tudo do que foi dito.
E dizer que o meu reveillon não foi muito diferente do de vcs.
Eu não sou do tipo de pessoa q acredito em supertições bobas, logo passo reveillon de preto!
Branco pra que? Pra Paz?
vamos todos passar de branco que teremos paz... Isso chega ser engraçado! Homens violentos, ladrões, assassinos, traficantes e eu sei lá mais o que; passando o reveillon d branco, almejando a paz ¬¬'
Isso tudo é uma grande piada!
Eu Passo de preto todos os anos!
pra mim o reveillon é uma festa como outra qualquer, que como qualquer outra festa é usada como fonte de lucro e diversão!
Até festas religiosas são assim, quanto mais o reveillon. Beber, comer, estourar o champanhe, fazer a contagem regressiva e se abraçar...
Eu também tenho histórinha para contar; esse ano meu pai resolveu ir para a casa da irmã dele, fui obrigada; não me "misturo" muito com o povo d lá. Mas só por ser virada de ano, todos me abraçaram aparentemente ternos, me desejando um feliz ano novo e eu só falava, para vc tb...
Q hipocrisia das pessoas... Eu gosto da festa, por estar com minha família, agradecer pelo ano q passou, as conquistas, e pedir q o ano q chega seja melhor.
Por isso acho tudo isso uma grande besteira!
E a citação da música do Legião, não há música melhor para descrever tudo isso!
Grande RenatoO!
Parabéns pelo texto e pelo blog, e prometo q em 2009 comentarei mais os textos!
ehehheheh
Que 2009 seja um ano de superações e de realizações pra todos nós!
Você conseguiu externar sensações e sentimentos que muitas das pessoas tem e acabam internalizando e agindo de uma forma até mesmo contraditória. Acabam esquecendo e deixando de lado premissas basicas... veem a data como mais uma oportunidades para festas e badalações e, a grande maioria, não se atem a valores basicos.
É isso, deixo mais uma vez meus Parabens pela boa contribuição e que o blog continue crescendo!
FELIZ 2009!
Então... Eu estou constantemente lendo o que vocês têm a dizer aqui e quero dar meus PARABÉNS a todos que participam nas postagens do blog.
Ameeei a "Crônica da Virada" concordo plenamente com o que foi dito. Sinceramente o meu reveillon foi e sempre é muito tranqüilo, esse ano mais do que os outros em particular. Não acredito nas supertições já mencionadas por vocês e por isso não vejo muita lógica em me animar com mais um dia que para mim é normal. Como todos os outros.
Essa postagem foi com certeza, o pé direito do blog!
Ameeeei! Espero continuar lendo por muito e MUITO tempoo!
BeijãO para todos vocês e Feliz anO novO 2000inove!
(Biel BeijoO*)
Já não é nenhuma novidade que o real sentido dessa festa de final de ano se perdeu há algum tempo. Não fosse a reunião da família e os belos fogos de artifício, que engrandecem a festa, a virada de ano seria um festejo como outro qualquer. O que vemos hoje, na realidade, são pedidos vazios de um mundo melhor, pessoas que não pretendem mudar em nada o seu modo de ser e que apenas pretendem expor suas supertições.
Do jeito que as coisas vão, 2009 será apenas uma nova contagem de dias, sem nenhuma responsabilidade e mudança.
Para mim foi apenas proveitoso estar do lado da família e amigos.
GF
Te vejo agora no meio de toda a cena descrita e o saúdo pela coragem de tal espressão.
"Ano novo, vida nova" é o q dizem, querer mais do que vida nova não é pedir muito.
"O essencial é invisível aos olhos"
Que 2009 seja ano de Mudança.
Parabéns Ti.