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A justiça brasileira e as nossas férias coletivas

Custei a acreditar no que vi. No primeiro dos últimos textos do ano quero, a princípio, destacar a impunidade e a parcialidade da justiça brasileira, gritantemente expostas na semana passada: a negação ao direito de ir e vir (na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o território de 1,7 milhão de hectares será de exclusividade de 19 mil índios da região, em detrimento de toda a população nacional, sob a pseudo-retórica de quitação para uma dívida histórica) e a eterna sensação de impunidade (alimentada pela irrisória pena de um ano de prestação de serviços comunitários para o cabo da PM William de Palma, acusado de matar, a tiros, o menino João Roberto Amorim Soares, na zona Norte do Rio de Janeiro, em 6 de julho desta ano) dão mostras de que a afronta à cidadania será a bandeira intransponível da imortal (in)justiça brasileira.
Excetuando-se a indignação exposta acima, este texto terá daqui para baixo, um caráter emergencial: ainda que sem as nossas mútuas permissões, nós, membros do INTITULÁVEL, resolvemos tirar férias coletivas. O espaço estaria inabitado desde o dia 7 de dezembro, não fosse o meu grito de socorro (a própria existência do texto) que transcreve, também, o desesperado pedido da carecida cultura nacional pelo nosso retorno às atividades.
Mas é melhor que corram e aproveitem às suas férias antes que eles (ministros e juízes de toda e qualquer instância) resolvam dar a exclusividade de todo o imenso território nacional aos abastados absolvidos pelas viciadas sentenças adquiridas em leilões e/ou àqueles que primeiro chegaram aqui: os índios. Será? Quem dá mais?

RF

Comentários

Anônimo disse…
O texto foi excelente, parceiro. A Justiça continua pecando em muitos aspectos no Brasil, mais uma prova é a CESPE bancando e desbancando nos concursos. CRÍTICA CONSTRUTIVA: é "instância" , não "estância". Eu estou cheio de idéias para escrever, mas tem me faltado TEMPO! aCHO QUE VOU DEIXAR UM TEXTO CONTIGO PARA VOCÊ POSTAR NA VIRADA DO ANO. A gente se fala por fone. UM ABRAÇO
Rafael França disse…
O deslize já foi humildemente corrigido, irmão... um abraço!

RF
Gabriel França disse…
Como a justiça brasileira não vai mudar tão cedo, a gente poderia, pelo menos, tirar mesmo essas férias. Seria legal, pra voltarmos em 2009 com todo gás!
Abraço, galera!

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