Pular para o conteúdo principal

A outra onda

Sem querer contribuir com o momento do “auge cultural” no Brasil, devo agora comunicar que arrumei o meu quadrado. Manda a letra da música “mais querida” nacional que cada um, no seu respectivo quadrado, deve respeitar aos limites que o quadrilátero impõe e dançar conforme exige o ritmo. Há apenas uma ressalva: o meu jeito esquisito ou descomunal de dançar é único e me torna diferente, o que me confere a possibilidade de fazer as escolhas que me são mais convenientes.
O que proponho, na verdade, é remar contra essa onda que, de tão unidirecional, ofusca a criatividade intrínseca e peculiar em cada cidadão deste país e nos remete ao “mesmismo” que caracteriza a cada estação do ano. Apesar de saber nadar, posso morrer afogado, pois são quatro estações, todos os anos!
Deixemos que se passe o “horário nobre”, que seja eleita a “favorita” do povo e façamos o máximo esforço para escutarmos os – ainda vivos – ecos daquela semana de arte moderna há longínquos oitenta e seis anos atrás. Viva a criatividade e a liberdade!
Desfrutar das megalomanias do capitalismo e da “espetacularização” midiática já está fora de moda, junte-se a nós; há neste país uma riqueza que, para outros povos, ainda não passa de utopia: a democracia. Se achar que estou errado, pago as suas passagens para a China – neste mês de agosto seria uma viagem e tanto por causa das olimpíadas -, mas certamente a notícia de que lá o atraso de sete segundos das imagens na TV não é devido a nenhuma lentidão sistêmica na transmissão - e sim porque existe a censura -, o traria de volta imediatamente à terra tupiniquim.
A minha modéstia não me permite fazer das minhas as palavras do invejável colunista e escritor Férrez. Mas, pela nossa tímida semelhança de idéias, elas, incólumes, agora serão reproduzidas: “Estou armado, talvez seja preso por porte ilegal de inteligência, e passe a vida inteira em prisão aberta, pagando uma grande pena e vendo um país ir pro buraco”.
Temos, a partir de hoje, um encontro marcado. Semanalmente, numa agradável contribuição a um grande amigo e irmão, os meus textos serão divulgados aqui. Ao lado do meu quadrado ainda existem outros, que ainda vazios, aguardam pela sua companhia.

RF

Comentários

Anônimo disse…
Surpreendente! É como posso classificar o seu texto. Você é um talento. Afinal, você é um França. Com certeza esta experiência será mais que satisfatória. Conto com você. Um abraço

Postagens mais visitadas deste blog

EDMÉIA WILLIAMS - UM EXEMPLO DE FORÇA E CORAGEM

Vivemos em um mundo altamente egoísta. São raras as ações de humanitarismo e solidariedade. Por isso mesmo, elas merecem grande destaque. São poucos os relatos de pessoas que abandonam o seu cotidiano e a sua comodidade para contribuírem para o bem-estar do próximo. A “personalidade da semana” do INTITULÁVEL é uma dessas exceções da sociedade hodierna. Edméia Willians nasceu em Santarém, interior do Pará. Entretanto, sua família migrou para Salvador, na Bahia, onde ela passou a maior parte de sua vida. Aqui ela cresceu, realizou seus estudos, se casou, constitui família e obteve os bacharelados em Pedagogia, Filosofia, Psicologia e Música. A sua vida era normal, como de muitos. Passou a morar no Rio de Janeiro, devido ao emprego de seu marido. Chegou até a morar no Iraque, ainda na época de Sadan, também por motivos profissionais relativos ao seu esposo. Tudo transcorria normalmente até que duas tragédias mudaram a história de sua vida. Em um período muito curto, Edméia perdeu o seu es...

Eu sou burro

Eu sou burro, mas tão burro, que quem agora me lê acredita que eu sei escrever. E, sendo tão burro e insensato, resolvi falar da minha burrice para receber um elogio contrário ao que condeno sobre mim. Muita burrice mesmo! Escrevendo no Word!   Sendo corrigido pelo traço vermelho de ortografia! Muita estupidez! Eu sou burro, mas tão burro, que... Usei reticências – por não ter outro pensamento para colocar depois da última palavra. Usei travessão para demonstrar que conheço os recursos da língua. Conheço nada! Vi em algum livro e achei bonito. Sou mesmo muito burro! O pior de tudo é que, a essa altura, o leitor já deve estar impaciente, porque deve achar que é soberba minha; hipocrisia barata. Mas eu te pergunto, leitor: esse ponto e vírgula que eu usei acima está empregado corretamente? E mais: é certo o corretor ortográfico do Word sublinhar a minha pergunta, utilizando a cor verde, insinuando que não há concordância em “ponto e vírgula” com “es...

O PODER DO PERDÃO

“...sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros...” Bíblia Sagrada "Compreender tudo, é tudo perdoar." Leon Tolstói Não é comum ao ser humano perdoar. Não é uma tarefa fácil. Compreender o modo de agir do próximo pode ser impossível. Entretanto, todos reconhecem, quer cristãos ou judeus, islamitas ou budistas, católicos ou evangélicos, ateus ou agnósticos, a importância do ato de perdoar. A palavra “perdoar” traz embutida em sua essência semântica a idéia de absolvição. É através do perdão que os seres humanos conseguem aceitar as falhas e conviver bem com as diferenças. No cotidiano, passamos por diversos momentos onde o perdão se faz ou deveria se fazer presente. Desde pequenos, aprendemos a pedir desculpas. E esse ato de educação nos acompanha ao longo da vida. Entretanto, esta boa ação torna-se simplesmente uma praxe, sem o devido entendimento do assunto. O perdão proporciona a abertura dos relacionamentos. Não há casamento estável, ou ...