Quanta água é essa? Por todos os lados. Em alguns pontos parece azul, em outros verde, em outros eu nem sei dizer. Onde está o horizonte? Como vim parar aqui? Estou em alto-mar? Preciso me acalmar. Para tudo sempre há uma explicação. Mas essa maresia está me matando. O sal parece está incrustado em mim. Não posso desvanecer, senão certamente me afogarei e serei mais um número. Serei um número? Acho que ninguém me encontrará. Neste momento o meu valor é equivalente ao desse peixe que acabou de passar. No meio daquele cardume ele é simplesmente mais um. E eu, nessa imensidão, sou o quê, afinal? Preciso de orientação. Sim, só agora me lembrei que sei determinar os pontos cardeais pelo sol. Mas a minha contestação, tão efusivamente celebrada por mim mesmo, não tem valor nenhum, pois o dia está nublado. Pior, parece que vem chuva. E muita! O desespero está batendo de novo. Será que chegou a minha vez? Mas eu queria saber onde estou, por que estou e quem me colocou aqui. Seria pedir demais...
Prazer em ler...